Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2022
O problema de Musk, segundo o Twitter, está relacionado ao mau desempenho do mercado financeiro – não as razões que alinhavou na carta que enviou aos advogados da empresa.
Foto: ReproduçãoNessa batalha judicial entre gigantes, em que o Twitter processou o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, por descumprimento de contrato, a plataforma de mídia social começou com dois pontos de vantagem: processou Musk em um juízo que não se impressiona com o poder dos bilionários; alegou que Musk descumpriu substancialmente um contrato do qual não há escapatória, mesmo “sob inferno ou dilúvio”.
O Twitter alega, em sua petição à justiça, que Musk assinou um contrato do tipo “hell or high water contract”, assim chamado em referência à frase popular “que venha o inferno ou o dilúvio”, que não é cancelável, segundo a Investopedia. Ele estipula que um comprador tem de fazer o pagamento prometido ao vendedor, apesar de qualquer dificuldade que possa surgir. Isto é, se o comprador descobrir que fez um péssimo negócio, que vai levar prejuízo, que as ações da empresa desabaram, é problema dele.
O problema de Musk, segundo o Twitter, está relacionado ao mau desempenho do mercado financeiro – não as razões que alinhavou na carta que enviou aos advogados da empresa para justificar a intenção de cancelar a compra.
Ele teria perdido mais de US$ 100 bilhões em sua participação acionária na Tesla, que é a principal fonte de sua riqueza pessoal. Além disso, as ações do Twitter caíram 12% logo depois de Musk anunciar a compra da plataforma. As ações já caíram 21% desde o início do ano.
Em carta ao conselho da Twitter, com cópia protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (SEC – Securities and Exchange Comission) dos EUA, ele apresentou três razões para quebrar o contrato, sem ter de pagar a multa de US$ 1 bilhão.
A primeira de que o Twitter teria violado o contrato por se recusar a lhe fornecer informações mais detalhadas e úteis sobre a percentagem de contas de usuários falsas. Já a segunda pela empresa de mídia ter violado o acordo por mentir em suas declarações de 2022 à SEC e por despedir altos executivos. A última razão elencada foi de que o Twitter teria feito declarações falsas sobre robôs de spam, que podem ter causado um “efeito adverso relevante” nos negócios da empresa.
Em sua petição, o Twitter contestou todas essas razões. Afirma, por exemplo, que nenhum “efeito adverso relevante” ocorreu e não irá, provavelmente, ocorrer.
Negou que deixou de operar seu curso normal de negócios, por despedir altos executivos e congelar contratações, porque não recebeu consentimento da empresa controladora para fazer quaisquer mudanças.
E que Musk já havia reconhecido que os robôs de spam não eram um problema sério na empresa e uma coisa que ele poderia resolver, se for o caso.
Por isso, acusou Musk de adotar uma estratégia para se livrar da transação, que é um “modelo de hipocrisia e de má-fé”. Alegou que Musk montou um espetáculo público para se livrar do compromisso e, apesar do contrato que assinou, “pensa que pode mudar de ideia, criticar a empresa, tumultuar suas operações, destruir o valor para os acionistas e sair fora”. (Conjur)