Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de março de 2022
O chefe da inteligência militar da Ucrânia alertou que a Rússia quer dividir em dois o país invadido. “De fato, é uma tentativa de criar aqui uma espécie de Coreia do Sul e do Norte”, disse Kyrylo Budanov em declaração citada pela agência Reuters. Segundo ele, como a Rússia fracassou em tomar todo o território ucraniano, o objetivo agora é ter uma região controlada por Moscou.
No fim da semana passada, o Ministério da Defesa russo afirmou que a meta prioritária é obter a “completa liberação do Donbass”, região do leste da Ucrânia onde ficam os territórios separatistas de Lugansk e Donetsk, e que os ataques contra outras áreas do país buscam impedir o envio de reforços ao fronte oriental.
Ainda de acordo com o governo da Rússia, suas tropas e as milícias separatistas do Donbass controlam 94% do oblast (subdivisão administrativa típica de países eslavos) de Lugansk e 54% de Donetsk. Antes da invasão, o domínio dos grupos pró-Rússia não chegava a um terço dos dois territórios.
A declaração de que a prioridade é a “liberação” do Donbass indica que a Rússia pode ter estipulado metas menos ambiciosas após a inesperada resistência ucraniana no primeiro mês de guerra.
Até agora, o maior município conquistado pelos invasores é Kherson, de cerca de 300 mil habitantes, e as forças russas encontram dificuldades para se aproximar de Kiev ou para tomar outros centros urbanos importantes, como Kharkiv, Odessa e a própria Mariupol, que está sitiada há um mês.
Desde a noite do último sábado (26), a Rússia já bombardeou mais de 30 alvos na região de Kiev, incluindo edifícios residenciais. Moscou, por sua vez, alega ter disparado mísseis de navios no Mar Negro para destruir um depósito de armamentos e sistemas defensivos perto da capital ucraniana.
Otan
Em cúpula realizada na semana passada, os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram o aumento das tropas em seu flanco leste e prometeram aumentar sua assistência à Ucrânia em cibersegurança, além de proteção contra armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. Apesar dos apelos do presidente ucraniano por mais ajuda, a Aliança reforçou que não colocará tropas no país.
“Em resposta às ações da Rússia, ativamos os planos de defesa da Otan, destacamos elementos da Força de Resposta da Otan e colocamos 40.000 soldados em nosso flanco leste, juntamente com meios aéreos e navais significativos, sob comando direto da Otan apoiado por destacamentos nacionais dos Aliados”, disse o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.
Em conferência de imprensa logo após o encontro, Stoltenberg disse que a aliança já fornece apoio para a Ucrânia desde 2014, quando houve a anexação da Crimeia pela Rússia. “Treinamos as forças armadas da Ucrânia, fortalecendo suas capacidades militares e aumentando sua resiliência. Os Aliados da Otan intensificaram o seu apoio e continuarão a fornecer mais apoio político e prático à Ucrânia, à medida que continua a defender-se”, disse.
A Otan, que já aumentou massivamente sua presença em suas fronteiras orientais desde o início da guerra, com os cerca de 40.000 soldados espalhados do Báltico ao Mar Negro, concordou nesta quinta em estabelecer quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.
“Os Aliados da Otan também continuarão a prestar assistência em áreas como segurança cibernética e proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear. Os Aliados também fornecem amplo apoio humanitário e estão hospedando milhões de refugiados.”
Questionado sobre o tipo de suporte que a aliança dará aos ucranianos contra as ameaças químicas, Stoltenberg, disse que fornecerá equipamentos de detecção, proteção e suporte médico, além de treinamento para descontaminação e gerenciamento de crises em caso de qualquer ataque químico, biológico, radiológico ou nuclear russo.