Domingo, 21 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2019
Ao menos um dos dossiês elaborados pela equipe da Receita Federal que investigou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e outros 133 agentes públicos foi enviado para Marco Aurelio da Silva Canal, supervisor da Equipe de Programação da Operação Lava-Jato.
A informação está em documentos enviados à PGR (Procuradoria-Geral da República) pela própria Receita Federal. Na semana passada, a PGR questionou o órgão sobre a fiscalização feita a respeito de Gilmar Mendes e a divulgação ilegal de seus dados para veículos da imprensa.
A Receita, por sua vez, informou que o vazamento ocorreu por causa de “um equívoco do auditor” que realizava as diligências preliminares contra o magistrado. Ele teria disponibilizado o dossiê sobre Gilmar Mendes para outros contribuintes que também eram investigados. De acordo com a própria Receita Federal, esse erro poderia ter ocasionado o vazamento de informações.
Com isso, o órgão tenta afirmar que não houve intenção de qualquer um de seus funcionários de divulgar ilegalmente dados do magistrado. Para embasar as explicações, a Receita enviou aos procuradores outro dossiê, do desembargador Luiz Zveiter, do Rio de Janeiro, e de empresas ligadas ao escritório de advocacia de familiares dele.
A documentação mostra que o dossiê de Zveiter, feito por Luciano de Castro, o mesmo auditor que assina o relatório de Mendes, foi endereçado ao supervisor da Lava-Jato. A tramitação do dossiê de Zveiter levanta a hipótese de que as investigações preliminares da Receita podem estar sendo coordenadas pela Lava Jato.
Questionada, a Receita ainda não se manifestou sobre o caso. Auditores ouvidos pela coluna levantam a hipótese de o auditor Marco Aurélio da Silva Canal integrar também a equipe de combate a fraudes, que investiga 134 contribuintes, independentemente de qualquer conexão deles com operações policiais.
Suspeitas
Desde o vazamento de documentos da Receita que mostravam que Mendes é alvo de uma “análise de interesse fiscal” por suspeita de “corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência”, o magistrado tem acusado o órgão de abrigar “milícias institucionais” ocupadas em preparar dossiês contra seus desafetos.
A Receita Federal já afirmou que Gilmar Mendes – o mais polêmico dos ministros na atual configuração da Corte – não está sendo fiscalizado. E ressaltou que desautorizou os termos usados pelos auditores nas análises feitas sobre ele.