Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2020
Médicos da cidade chinesa de Wuhan anunciaram que uma mulher infectada com o novo coronavírus deu à luz um bebê que também contraiu a doença. Esse caso indica a possibilidade de que o vírus possa ser contraído no útero, relata o correspondente da BBC na China, Robin Brant.
A emissora estatal CCTV informou que dois bebês estão infectados com o novo coronavírus, sendo o mais jovem nascido há menos de 30 horas. Citando fontes de um hospital pediátrico da cidade, a CCTV afirmou que os sinais vitais da criança são estáveis.
Não há mais informações sobre esses casos.
Até agora, a doença matou ao menos 490 pessoas e atingiu ao menos 26 países. Mais de 24 mil pessoas foram infectadas — 99% deles na China.
Desde a semana passada, o governo brasileiro investiga casos de suspeitas do vírus no País, mas não houve nenhuma confirmação até o momento.
Desde que a doença surgiu em dezembro, Wuhan passou a ser alvo de medidas cada vez mais restritivas para tentar conter o avanço do coronavírus. Escolas fechadas, ônibus e metrôs parados. Em 23 de janeiro, a cidade foi submetida a uma quarentena completa.
O novo coronavírus tem sinais e sintomas clínicos principalmente respiratórios, como febre, tosse e dificuldade para respirar.
Ele é da mesma “família” dos vírus que provocaram epidemias anteriores como as de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), de 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), de 2012.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou na semana passada uma situação de emergência de saúde pública internacional por causa do surto do novo coronavírus.
Quarentena
Wenjun Wang é moradora da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus. Wang, uma dona de casa de 33 anos, e a família estão confinados desde que a cidade foi colocada em isolamento em 23 de janeiro.
“Desde que o surto de coronavírus começou, meu tio já faleceu, meu pai está gravemente doente, e minha mãe e minha tia começaram a apresentar alguns sintomas.
Uma tomografia mostrou que os pulmões delas estão infectados. Meu irmão também está tossindo e com problemas respiratórios.
Meu pai está com febre alta. A temperatura dele ontem chegou a 39,3°C, e ele está sempre tossindo e com dificuldade para respirar. Nós conseguimos uma máquina de oxigênio para usar em casa, e ele conta com ela 24 horas por dia.
Ele está tomando medicamentos chineses e ocidentais no momento. E não pode ser internado porque o caso dele não foi confirmado devido à falta de kits de teste.
Minha mãe e minha tia vão ao hospital todos os dias na esperança de conseguir um leito para o meu pai, apesar da própria condição de saúde delas. Mas nenhum hospital vai aceitá-los.
Em Wuhan, há muitos postos de quarentena para acomodar pacientes que apresentam sintomas leves ou ainda estão no período de incubação.
As instalações são simples e bem básicas. Mas para pessoas gravemente doentes como meu pai, não há leitos adequados.
Meu tio morreu, na verdade, em um dos postos de quarentena, porque não havia estrutura médica para pacientes com sintomas graves. Eu realmente espero que meu pai possa receber um tratamento adequado, mas ninguém está em contato conosco ou nos ajudando no momento.
Entrei em contato com agentes comunitários várias vezes, mas a resposta que recebi foi: ‘não há chance de conseguirmos um leito no hospital’.
Novos hospitais
Os novos hospitais que estão sendo construídos são para pacientes que estão internados em outros hospitais no momento. Eles serão transferidos para as novas unidades.
Mas pessoas como nós não conseguem sequer um leito agora, muito menos nos novos hospitais.
Se seguirmos as orientações do governo, o único lugar para onde podemos ir agora é para esses pontos de quarentena. Mas, se formos, o que aconteceu com meu tio aconteceria com meu pai.
Então, preferimos morrer em casa.