Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2015
Sistemas especialistas estão cada vez mais inteligentes. Máquinas enxergam assimetrias de mercado e negociam papéis financeiros mais rapidamente que qualquer humano. Computadores escrevem notícias sobre resultados de partidas esportivas e sobre balanços de empresas sem nenhum erro. O carro autônomo do Google circula pelas ruas dos EUA e, no único acidente com feridos, a culpa foi do motorista do outro veículo.
No ano passado, um computador que fingia ser um menino ucraniano de 13 anos passou pelo teste de Turing (que mede a capacidade de uma máquina exibir comportamento inteligente equivalente ao de um ser humano). O software Eugene Gootsman conseguiu convencer jurados, em um bate-papo on-line, de que era uma pessoa de verdade. O fato de o personagem escolhido ser um adolescente que não tem o inglês como primeira língua ajudou a convencer as pessoas de que havia alguém do outro lado, apesar de erros de interpretação.
A inteligência artificial genérica ainda é rudimentar, mas isso não impede que as pessoas fiquem com medo. A revolta das máquinas é um tema recorrente da ficção científica. Em tempos em que sistemas eletrônicos começam a exercer atividades intelectuais, esse temor aumenta.
No filme “Ex Machina”, que ainda não estreiou no Brasil, um programador é convidado por seu patrão a avaliar uma robô, para verificar se ela é capaz de convencê-lo de que tem inteligência. O bilionário do setor de tecnologia fala para seu funcionário que um teste de Turing não teria o mesmo impacto, pois a análise só vai funcionar se o avaliador, ao ver uma máquina, mesmo assim se convencer de que está falando com uma pessoa.
Alguns dos melhores seriados atuais tratam de tecnologia, como “Silicon Valley” e “Halt and Catch Fire”. Em “Humans”, robôs humanoides chamados de “synths” fazem trabalhos domésticos. A maioria é destituída de emoções, a não ser por um pequeno grupo, em que seu criador, David Elster, instalou um software de 17 mil linhas capaz de gerar consciência.
A realidade ainda está muito distante disso. Marcelo Porto, presidente da IBM Brasil, não acredita que a inteligência artificial ameaça a humanidade. O que temos hoje são sistemas especialistas como o Watson, da própria IBM, uma plataforma de computação cognitiva. O Watson foi treinado em 30 áreas do conhecimento, como oncologia e culinária. No lugar de ser programado, ele precisa “aprender” sobre cada área, interagindo com especialistas. Depois, consegue analisar textos sobre o assunto e absorver informações.
Atualmente, o Watson está sendo treinado para entender melhor imagens. Porto conta de um teste com imagens de peixes. Um peixe assado, sem cabeça, mas com rabo, foi reconhecido pelo sistema. Sobre a foto de um peixe-palhaço, o Watson comentou: “É um peixe. É o Nemo?”. (Renato Cruz/AE)