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Brasil Um projeto que dá garantia de emprego de um ano a pacientes com câncer foi aprovado no Senado e encaminhado à Câmara dos Deputados

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O PLS 14, de 2017, ainda está em tramitação. (Foto: Reprodução)

Ana Paula Soares, diretora da HDI Seguros, teve apoio da empresa durante a doença Em junho do ano passado, o analista de processos Alexandre Malfatti foi demitido de uma empresa de tecnologia de grande porte. Cinco anos após o seu primeiro diagnóstico de câncer de pele, e um ano após ter encontrado um novo foco da doença, desta vez no pulmão, o profissional começou a ter problemas com os horários em que fazia os tratamentos, que prejudicavam o seu turno de trabalho.

“No primeiro diagnóstico, usei minhas férias para fazer a cirurgia e quase não faltei porque fiz imunoterapia, que tinha poucos efeitos colaterais”, conta Malfatti, que não chegou a tirar licença médica. Ao receber a notícia da recidiva da doença, porém, ele precisou adaptar seu ritmo de trabalho ao do tratamento. “Tive um apoio muito grande da chefia e dos colegas, mas o dono da empresa se incomodou com os atrasos. Alguns meses depois, fui demitido”. Hoje, ele continua a trabalhar como autônomo enquanto faz a imunoterapia. “Tenho um dia a dia normal”, afirma.

Casos como o de Malfatti não são incomuns, segundo Tiago Farina Matos, diretor jurídico do Instituto Oncoguia, ONG que trabalha com qualidade de vida do paciente de câncer. Segundo ele, as demissões de funcionários diagnosticados com a doença são frequentemente causadas pela falta de informação de empregadores, que têm receio de que o profissional falte muito ou não tenha condições de trabalhar. “Há muitos casos de pessoas que se afastam e, quando retornam, são demitidos porque foram substituídos ou porque são vistos como inaptos para o trabalho”, diz.

Em junho deste ano, um projeto de lei que concede garantia de emprego de um ano a pacientes que foram afastados por câncer foi aprovado pelo Senado e encaminhado à Câmara dos Deputados. O PLS 14, de 2017, ainda está em tramitação e, se aprovado, traz esperanças para profissionais que hoje se sentem condenados pelo mercado de trabalho, mesmo antes de conseguirem comprovar que se recuperaram. “A estabilidade faz sentido ao trazer oportunidades para que o paciente supere o estigma de incapacitado, e, ao mesmo tempo, a empresa possa encarar seu funcionário como um profissional, não como pessoa doente”, afirma Matos.

A mudança regulatória, segundo ele, é também um incentivo para que as empresas revejam suas culturas corporativas. “O mesmo aconteceu com as pessoas com deficiência, que hoje têm uma legislação específica e são alvo de políticas de contratação”, afirma. Além disso, ele alerta para o aumento da incidência de doenças crônicas, como o câncer, em populações ativas e cada vez mais longevas – o que torna mais desafiador excluí-las do mercado de trabalho.

Segundo o médico oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Rafael Kaliks, o tratamento do câncer permite que a grande maioria dos pacientes continue a trabalhar, mesmo fazendo sessões de quimioterapia ou radioterapia. “O ritmo e a intensidade podem não ser os mesmos, e a pessoa vai precisar de algum descanso durante o dia”, diz. Mas as tarefas cotidianas, desde que não sejam muito extenuantes fisicamente, podem ser feitas normalmente e costumam trazer efeitos positivos na reabilitação. “O tratamento eficaz não envolve só a cirurgia ou a droga, mas um conjunto de fatores profissionais, sociais e familiares”, afirma.

A diretora adjunta de TI da HDI Seguros, Ana Paula Soares, contou com uma rede de apoio após um diagnóstico de câncer de mama em 2014. A doença foi descoberta de forma abrupta – após uma trombose cerebral e 15 dias na UTI, exames investigaram a causa e encontraram o tumor. “Depois que saí do hospital, tive que tomar medicação pesada e fazer reabilitação para recuperar movimentos”, conta. Durante a recuperação, ela recebia visitas constantes do chefe no hospital e contou com um esquema especial de trabalho quando manifestou a vontade de retornar à atividade profissional.

“Eu quis voltar porque o trabalho era um grande motivador para a minha mente. Mas tive que fazer um horário flexível, de no máximo seis horas por dia”, diz. Ela afirma que conta com a solidariedade de sua equipe, que hoje tem aproximadamente cem pessoas, e que evita que o tratamento, ainda em curso, prejudique o seu dia a dia. “Vou ao hospital aos fins de semana, ou depois do trabalho. Como líder, também quero mostrar aos funcionários que estou motivada, que a vida segue e que estou bem”, afirma.

 

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