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Por Redação O Sul | 10 de maio de 2018
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou na quinta-feira (10) que os homens apontados por uma testemunha do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes são investigados pela polícia e demais autoridades envolvidas na resolução do caso. Segundo o jornal “O Globo”, uma testemunha depôs que no carro dos assassinos havia um PM (policial militar) do 16º Batalhão (Olaria), um ex-PM da Maré e outros dois homens.
A testemunha é a mesma que afirmou que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, foram os mandantes do crime. Todos negam qualquer envolvimento no assassinato.
Em carta, Curicica, que é apontado como miliciano e está preso, também negou ter participado do assassinato. O jornal não revelou a identidade da testemunha, disse apenas que ela trabalhava para a milícia de Curicica e que resolveu delatar em troca de proteção.
“O que eu posso dizer é que estes e outros todos são investigados e que a investigação no caso Marielle está chegando na sua etapa final. Eu acredito que em breve nós vamos ter resultados”, declarou Jungmann ao ser questionado. O ministro lembrou ter falado à imprensa pouco depois do assassinato da vereadora e de seu motorista que “tudo apontava para milícias”, mas disse não haver conclusões sobre a participação das mesmas no crime.
“Não estou dizendo que são esses especificamente. Agora, tenho dois níveis que tenho de observar. Um é o nível do jornalismo e suas informações, que evidentemente têm de ser investigadas. E outra é a própria investigação em si sobre a qual a gente, por óbvios motivos, não tem como ficar aqui comentando”, afirmou.
A morte de Marielle ocorreu em 14 de março. O carro foi atingido quando a vereadora voltava para casa. Na prática, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil respondem diretamente aos interventores.
Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento como testemunha — entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle atuou.
Ameaçado de morte
Curicica, acusado de chefiar um grupo de milícia na Zona Oeste e que está preso em Bangu 9, contou a seu advogado Renato Darlan que recebeu ameaça de morte. Há cerca de um mês, diz o advogado, o cliente relatou que um carcereiro teria recebido uma proposta de R$ 1 milhão para envenená-lo.
O procurador do acusado disse ainda que tinha sido informado sobre a possível transferência dele de Bangu 9 para Bangu 1, o que aumentou a sua preocupação sobre a integridade física do preso.