Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2019
A administração Trump separou milhares de crianças imigrantes de seus pais na fronteira a mais do que o que foi tornado público inicialmente, segundo relatório de uma auditoria divulgado nesta quinta-feira (17). O levantamento mostra que o sistema de rastreamento federal dessas crianças tem sido tão ineficiente e pobre que não é possível saber com exatidão quantas foram separadas de suas famílias.
“O número total de crianças separadas pelas autoridades de imigração de seus pais ou responsáveis é desconhecido”, aponta o relatório publicado pelo Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.
De acordo com o relatório, as crianças separadas incluem 118 apreendidas entre julho e início de novembro, ou seja, após a administração ter supostamente encerrado a política de separação de famílias que provocou um terremoto político e indignação pública nos EUA.
O relatório estima que milhares de outras crianças foram separadas no início da administração Trump, meses antes de o governo anunciar que faria a separação para poder processar criminalmente seus pais, entre abril e maio.
Apesar de administrações anteriores também terem separado menores de adultos na fronteira em algumas ocasiões – geralmente sob suspeita de a criança ter sido sequestrada ou estar indo ao encontro de sua família que vive ilegalmente no país – o relatório mostra um grande aumento das separações sob o governo Trump.
Com base em registros disponíveis, crianças representavam 0,3% de todos os menores desacompanhados levados sob a custódia do governo em 2016, já perto do fim da administração Obama. Em agosto de 2017, primeiro ano de Trump, esse porcentual aumentou para 3,6%.
O relatório diz que um grande número de crianças separadas foram liberadas da custódia federal antes de uma ordem da Justiça, de junho, exigindo que agentes federais seguissem com cuidado o status das 2.737 crianças separadas e oferecessem relatórios regulares sobre sua situação a um juiz federal.
“Milhares de crianças podem ter sido separadas durante uma onda que começou em 2017, antes dessa solicitação do tribunal”, aponta a auditoria.
No ano passado, o Departamento de Segurança Interna produziu um relatório não publicado documentando o caos causado pela separação de famílias resultado da política de “tolerância zero” de Trump. Entre outros pontos, o departamento descobriu que 860 crianças imigrantes foram mantidas em celas da patrulha de fronteira por mais de três dias – o limite permitido por lei. Descobriu ainda que “passos inadequados” foram tomados para descobrir as identidades de crianças pequenas demais para falar.
Em junho, o Departamento de Saúde abriu uma grande cidade de tendas em Tornillo (Texas) para abrigar crianças imigrantes que entraram no país sozinhas, abrigando cerca de 6 mil delas. Após repetidas denúncias, incluindo sobre funcionários contratados sem ter o histórico checado, o departamento informou na semana passada que removeu todas as crianças e fechou a cidade de tendas.