Brasil Deputada de Santa Catarina registrou boletim de ocorrência após ser alvo de ataques nas redes sociais por causa do seu decote na cerimônia de posse
Por Redação O Sul | 11 de fevereiro de 2019
Na manhã dessa segunda-feira, a deputada estadual Ana Paula da Silva, 43 anos, mais conhecida como “Paulinha” (PDT), registrou no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São José, na Grande Florianópolis (SC) um um boletim de ocorrência por ameaça, difamação e injúria. O motivo: ofensas e agressões contra ela nas redes sociais, por causa do macacão vermelho com decote que usou em sua cerimônia de posse na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, no dia 1º.
De acordo com a assessoria de comunicação da parlamentar, os comentários publicados serão apresentados à Polícia Civil para servirem de base à investigação, que será feita pelo setor de crimes cibernéticos da unidade. Durante o registro da ocorrência, Ana Paula ressaltou: “Em razão de minha vida pública e do volume de agressões virtuais, a situação me causou e está causando sério constrangimento, inclusive em locais públicos”.
Fotos tiradas no evento foram publicadas na imprensa e reproduzidas em páginas de redes sociais. No perfil da deputada, ofensas vieram de várias diversas partes do País, incluindo comentários desabonadores feitos por um homem que se identificou como policial militar.
Em entrevista à emissora NSC TV, Ana Paula afirmou ter sempre utilizado roupas justas e decotadas – inclusive durante o período em que comandou por dois mandatos consecutivos (2012-2015 e 2016-2018) a prefeitura de Bombinhas, no Litoral Catarinense.
“Não vai ser agora que cheguei à Assembleia Legislativa que vou mudar”, disse em em entrevista à imprensa local. “Claro que foi um dia de bastante sofrimento, não vou negar. Mas eu não vou arredar o pé daquilo que eu sou. Eu quero ser feliz acima de todas as coisas. E isso implica em me apresentar para as pessoas como eu sou. Corpo, alma, verdadeiramente aquilo que eu sou. Acho que esse preconceito precisa ser desconstruído. E de fato, no ambiente da política, a presença esmagadora de homens nos faz encolher, nos faz retroagir”, disse Paulinha.
Ainda segundo a deputada estadual, “as pessoas estão dando atenção a coisas que não são relevantes”. Ela destaca o fato de que atualmente mais de 800 mil cidadãos de seu Estado aguardam na fila por por algum procedimento médico ou cirúrgico e que nos últimos 30 dias esse contingente aumentou. “Essas, sim, são as questões mais importantes”, defendeu Ana Paula, eleita com 51.739 votos.
Paulinha disse também que pretende processar quem fez comentários ofensivos contra ela. O advogado criminalista Leonardo Costella afirma que no caso da parlamentar, os internautas responsáveis pelos comentários ofensivos podem ser condenados a punições como o pagamento de indenização por danos morais: “Esses crimes podem muito bem serem classificados por difamação ou injúria, que são crimes contra a honra”.
Sem problemas
A direção da Assembleia Legislativa informou que o regimento interno define como traje do plenário da Casa o “passeio completo” e que a roupa da deputada estadual Ana Paula da Silva estava de acordo, e que por esse motivo não houve quebra de decoro. Disse, ainda, que repudia os comentários misóginos contra a parlamentar.
Já o comando geral da Polícia Militar informou que abrirá processo administrativo para investigar a postura do suposto policial da reserva que postou os comentários ofensivos nas redes sociais.
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