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Por Redação O Sul | 29 de março de 2019
Nasceu na madrugada de quinta-feira (28) o pequeno Salvador, filho da portuguesa Catarina Sequeira. A mulher de 26 anos sofreu morte cerebral no ano passado, um dia após o Natal. Ela ficou ligada a aparelhos por cerca de três meses, no Centro Hospitalar Universitário São João, em Portugal, até que a criança tivesse condições de nascer. O bebê veio ao mundo com 31 semanas e seis dias. De acordo com a imprensa do país, ele é considerado saudável.
Salvador nasceu por meio de um parto de emergência e que, agora, familiares de Catarina se preparam para dar o último adeus à mulher. O corpo dela será cremado na cidade do Porto e uma missa de sétimo dia será realizada no dia 3 de abril, a partir das 20h.
A reportagem ainda relata que o bebê foi entubado logo após o parto e que evolui bem, apesar de alguns problemas respiratórios. Inicialmente, a equipe médica previa que a criança deveria nascer quando completasse 32 semanas, mas que a cesariana de Catarina precisou ser antecipada.
O pai de Salvador foi o único familiar a vê-lo até o momento. O menino deve permanecer por mais três semanas na unidade de saúde até que possa ser levado para casa. A avó dele, Maria de Fátima Branco, foi a responsável por decidir manter a gravidez da filha. Ela precisou conversar com a Comissão de Ética do hospital para que a filha fosse mantida viva artificialmente.
“Não foi uma gravidez desejada, mas ela [Catarina] acabou por a aceitar e andava feliz. Sempre falou em ir para a faculdade e viajar antes de ser mãe. Mas aconteceu assim”, disse a avó do garoto.
Salvador é o segundo bebê a nascer nessas condições em Portugal. Em 2016, o pequeno Lourenço veio ao mundo depois que a Comissão de Ética do Hospital São José, em Lisboa, decidiu manter a mãe dele ligada a aparelhos até que completasse 32 semanas de gestação.
Segundo Carlos Lima Alves, diretor clínico do hospital de São João, apesar de alguns problemas, a situação da criança era favorável. “O bebê apresentou significativos problemas respiratórios na altura do parto, que obrigaram a iniciar ventilação mecânica”. No entanto a sua evolução é favorável “, afirmou.
Hercília Guimarães, especialista do serviço de neonatologia do hospital, realçou que o bebê nasceu com um peso muito bom para a sua idade gestacional e afastou o risco de mortalidade nestes casos. As únicas reservas que se colocam, e das quais a família já foi avisada, têm a ver com possíveis consequências para a criança depois de a mãe ter entrado em morte cerebral durante a gravidez e de uma gestação em condições de risco.
Catarina Sequeira teve um ataque agudo de asma às 12 semanas de gravidez, no final do ano passado. Depois de ter estado em coma induzido no Hospital de Santos Silva, em Gaia, acabou por entrar em morte cerebral no dia seguinte ao Natal, numa altura em que o bebé, o seu primeiro filho, teria 19 semanas.