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Brasil Uma perita especialista em rastros de sangue se inspirou em protagonista de seriado americano que desvenda crimes a partir de manchas

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Em Dexter, o protagonista é um perito do Departamento de Polícia do Condado de Miami-Dade que desvenda crimes a partir da análise de manchas de sangue. (Foto: Reprodução)

Fã de séries da TV americana, a perita Carolina Rodrigues Linhares, de 33 anos, da DH (Delegacia de Homicídios), ficava com inveja dos métodos usados pelos policiais da ficção. Em um de seus seriados prediletos, “Dexter”, de 2006, o protagonista é um perito do Departamento de Polícia do Condado de Miami-Dade que desvenda crimes a partir da análise de manchas de sangue. Curiosa, Carolina passou a pesquisar sobre os métodos usados pelo especialista da ficção e descobriu que rastros de sangue encontrados nas cenas dos crimes já eram objetos de estudo nos Estados Unidos. Mais de dez anos depois, ela é a primeira perita da Polícia Civil do Rio especialista no estudo de manchas de sangue.

Carolina completou, em abril, um curso da Associação Internacional de Analistas de Padrão de Manchas de Sangue (IABPA, na sigla em inglês). E, agora, é uma das 22 peritas de toda a América Latina credenciadas pela instituição, referência mundial no tema. Para serem aprovados no curso — ministrado em Florianópolis pelo perito da Polícia Federal Antônio Canelas, até então único brasileiro credenciado pela entidade —, os postulantes precisavam ter aproveitamento de 70% em uma prova teórica e em uma avaliação prática, que consistia na análise de uma cena de crime e posterior elaboração de um laudo pericial.

Prova fundamental

Segundo Carolina, a análise de padrões de manchas de sangue é capaz de levar o perito a concluir qual posição vítima e criminoso ocupavam no momento do crime. O estudo também pode ajudar o analista a avaliar contradições em depoimentos e até a diferenciar uma situação de homicídio de uma de suicídio.

“Achava que a perícia em locais de crime no Rio ainda era deficitária. Muitas vezes só recolhíamos projéteis. Por isso, decidi me especializar. O sangue também é uma prova fundamental na investigação e está presente na maior parte das cenas de crime. Minhas análises, hoje, são muito mais completas”, afirma a perita, que está na polícia desde 2015 e tem graduação e mestrado em Química pela UFF. Segundo ela, o conhecimento da disciplina é fundamental na análise de manchas de sangue, baseado em princípios científicos relacionados ao conhecimento da mecânica dos fluidos, da biologia, da física, da química e da matemática.

Mesmo antes de completar o curso e ser certificada, Carolina já estudava, por conta própria, a análise de manchas de sangue. Suas pesquisas, à época, ajudaram a DH a resolver um homicídio.

Em 2016, o PM Paulo Alvarani Dutra foi assassinado quando estava saindo de casa para ir ao trabalho. Na ocasião, ele tentou impedir um assalto e foi baleado. Na perícia do local, Carolina percebeu “um perfil de mancha de sangue produzido por gotejamento em trilha” na saída da vila onde o PM morava. Ou seja, ela concluiu que o sangue pertencia a alguém que deixou o local ferido: um dos assassinos.

O sangue foi colhido e comparado com o de diversos pacientes que deram entrada baleados em hospitais da cidade no dia do crime. O resultado da comparação revelou que o material pertencia a Eduardo Vieira da Silva, o Jujuba, que foi preso dias depois em um hospital.

Atualmente, a perita está envolvida na elaboração do laudo de reprodução simulada da investigação sobre uma suposta ação de snipers na Favela de Manguinhos. O objetivo do documento é estimar se os disparos que atingiram três vítimas — duas delas fatalmente — dentro da comunidade foram feitos do alto da torre da Cidade da Polícia, um complexo de delegacias especializadas próximo à favela. Carolina foi até Manguinhos, onde ouviu um sobrevivente e fez medições. Todas as vítimas foram baleadas em uma mesma localidade, num intervalo de quatro dias. Parentes dos dois mortos acusam policiais posicionados do alto da construção pelos tiros. O laudo já tem mais de 80 páginas.

 
tags: polícia

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