Por Redação O Sul | 28 de março de 2017
Uma bem-sucedida e inédita participação de uma equipe de alunos de Ensino Fundamental de uma escola da cidade de Alto Feliz em uma campanha internacional de pesquisa astronômica, em 2016, a IASC – sigla inglesa para Colaboração Internacional de Pesquisa Astronômica – organizadora do projeto, abriu neste ano uma campanha exclusiva para o Vale do Caí. Intitulada “Agrupamento de Escolas do Vale do Cai Asteroid Search Campaign”, é uma recompensa pelo trabalho inédito na edição passada. O Vale do Caí está a 50 quilômetros da capital gaúcha. É uma microrregião formada por 19 cidades e, de acordo com o IBGE, vivem nela 183.721 habitantes.
A campanha reúne seis escolas de quatro municípios da região: Alto Feliz, Feliz, São Sebastião do Caí e Vale Real. Cada equipe de seis alunos é orientada por um professor diferente e tem o objetivo de analisar uma série de imagens captadas por um telescópio no Havaí, que chegam via sistema às instituições participantes, e verificar a presença de asteroides. O desafio é encontrar esses astros ainda não catalogados e, por isso, após o término da campanha, as descobertas serão avaliadas quanto à sua veracidade.
A oportunidade surgiu da iniciativa do professor Juliano Vaz de Abreu, que trabalhou com o grupo altofelizense em 2016. “Pedi a oportunidade de participar novamente. Sei o quanto é difícil estar entre as 15 instituições participantes e por isso pedi para que nossa inscrição fosse em nome do Vale do Caí, o que abriria oportunidade para mais educandários”, conta o pedagogo. “Fui uma surpresa e uma alegria imensa ver que a IASC abriu uma campanha exclusiva para nós. É levar o nome da nossa região para um nível internacional”, completa.
As atividades iniciaram no dia 20 de março e se estendem até o dia 19 de abril. Para realizar a análise, os alunos-pesquisadores utilizam um sofware especial, que mede com precisão o tempo e a posição dos asteroides, movendo-se em segundo plano. As medições são registradas em um relatório enviado para o Minor Planet Center (Harvard). Os Asteroides numerados serão registrados em um catálogo oficial mundial e caso a descoberta seja inédita, os descobridores serão convidados, em cinco anos, a nomear o astro encontrado.
Participam desta campanha o Instituto Federal do Rio Grande do Sul e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Cônego Alberto Schwade, de Feliz, as Escolas Municipais Tiradentes e Felipe Jacob Klein, de Vale Real, a Escola Municipal Padre João Batista Ruland, de Alto Feliz e a Escola Municipal de Ensino Fundamental São José, de São Sebastião do Caí.
As primeiras descobertas
“Olha isso!”, foi a expressão que saiu da boca de Rafael Henrique Mendes (16), enquanto os olhos brilhavam e tentava não perder o ponto brilhante em movimento na tela do computador. “Eu não sei nem o que falar”, completou ainda atônito após registar a primeira descoberta da temporada.
A descoberta ocorreu na tarde da quinta-feira, 23. O grupo de Alto Feliz conseguiu identificar sete asteroides – passando, já nos primeiros dias, a marca do ano passado que foi de quatro asteroides. “É uma alegria inexplicável fazer parte disso”, relata Camila Gonçalves Padilha (14), colega de Rafael e Silvana Finkler (14) – responsáveis pela descoberta.
Alunos estão na expectativa
Todas as equipes continuam a pesquisa nesta semana e as descobertas da escola altofelizense já criaram um efeito de expectativa para os demais grupos. “A gente vai ter que trabalhar muito”, projetou Ana Gabriela Bohn (14), aluna do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cônego Alberto Schwade, de Feliz. “É preciso muita dedicação. Tomara que eu faça tudo certo”, completou Gabriel Stroeher (14), ansioso com o início da atividade. A turma é coordenada pela professora Fabrícia Fritzen.
Já em São Sebastião do Caí, a ansiedade não é menor. “Nós temos bastante trabalho pela frente, mas é uma grande missão representar nossos colegas e cidade nessa campanha”, avalia Bruna Francieli dos Santos Leite (13). O trabalho por lá é coordenado pela professora Marinês Adriane Colmam.
Os dois educandários de Vale Real, sob orientação do professor Johnatan Rauber, e o Instituto Federal, com coordenação do educador Eloir De Carli, também já iniciaram a pesquisa.
