Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de junho de 2021
Novo diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês (SP), o médico cardiologista e intensivista Fernando Ganem, de 56 anos, diz que os conhecimentos sobre a covid-19 disponíveis até o momento indicam que será necessária uma imunização anual contra a doença.
“Ano que vem, vamos ter que começar a vacinar todo mundo de novo. Vai funcionar como funciona na gripe; mudam as variantes, tem fazer nova adaptação da vacina”, afirma.
Segundo o médico, o hospital vem registrando casos de reinfecção por covid entre pessoas já imunizadas, mas nenhum grave ou que tenha levado o paciente à morte.
Por isso, recomenda que as pessoas continuem usando máscaras não só para se proteger contra o coronavírus, mas também contra outros vírus respiratórios que estão circulando, como o H1N1, e já provocam internações.
1) Um assunto que circulou nas redes sociais recentemente foi que o Sírio estava com vários pacientes graves de covid que já tinham sido imunizados com duas doses da vacina. O que há de real nessa história?
Estamos monitorando todas as pessoas que internam, quantas já foram vacinadas.
2) Existem pacientes internados que já tomaram a vacina?
Sim.
3) Existem pacientes que já tomaram a vacina e estão em estado crítico?
Não é o que a gente está vendo. Nós e outras instituições vamos soltar publicações sobre colaboradores vacinados, quantos tiveram [reinfecções por covid]. Na nossa experiência, não identificamos casos graves [de reinfecção] e óbito. Temos que estratificar todos os casos por idade e complexidade.
Casos individuais, a gente tem visto por aqui. Temos um caso curioso de uma médica que tem vários fatores de risco, atende em casa, já foi vacinada, teve covid e não internou. O desfecho primário da vacina é evitar mortalidade. Agora, ter de novo o ideal seria que não tivesse mais.
Ano que vem vamos ter que começar vacinar todo mundo de novo. Vai funcionar como funciona na gripe; mudam as variantes, tem que fazer nova adaptação da vacina.
Todo mundo me pergunta e eu falo: sabe quando a gente vai ter todas essas respostas? Daqui a um ano, quando 100 milhões de pessoas estiverem vacinadas. O resto são inferências, e inferências são perigosas porque podem gerar informações infundadas.
4) Mas teremos mesmo que nos vacinar anualmente contra a covid, assim como ocorre com a gripe?
Tudo indica que sim, pelo o que a gente tem acompanhado na literatura e com os nossos colegas. Foi como aconteceu na epidemia de H1N1 [em 2009]. Nós ainda temos casos de H1N1. Tivemos um caso recente. O paciente teve covid, foi internado, saiu, e na semana seguinte estava com H1N1.
5) E nesse período outros vírus respiratórios têm circulado bastante.
Exatamente. A gente sabe que de maio a julho, agosto, aumentam as visitas aos prontos-socorros, as internações, a mortalidade na população idosa por pneumonia. Também por isso é que a gente deve manter o uso da máscara.
6) O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem discursando contra o uso da máscara. É o momento de deixar lado o acessório?
Vamos ter que continuar usando máscara ainda por muito tempo, independentemente de uma recomendação técnica, deve ser uma orientação comportamental. Sempre que possível, precisamos diminuir a probabilidade do contágio.