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Saúde Veja o que se saber sobre o funcionamento da memória

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Cientistas fizeram experimento com "canibalismo de planárias" e estudaram a passagem de trauma por gerações. (Foto: Reprodução)

Planárias são diminutos vermes de corpo e famosas pela sua enorme capacidade regenerativa. Se cortada em pedacinhos dará origem a um novo animal completo. Em meados do século 20, elas estiveram no centro de uma controvérsia científica envolvendo memória e… canibalismo.

Apesar de mais diminuto e menos complexo que o humano, o cérebro das planárias é organizado bilateralmente e seus neurônios são bastante semelhantes àqueles encontrados nos vertebrados. Além disso, dividimos com as planárias alguns neurotransmissores, isto é, substâncias químicas produzidas pelos neurônios e responsáveis pela comunicação entre eles.

Não por acaso, na década de 1950, o biólogo e especialista em psicologia animal James McConnell, da Universidade de Michigan, iniciou uma série de experimentos com planárias. No início, seu objetivo era mostrar que os vermes podiam ser condicionados com choques elétricos. Em seguida, quis testar se uma planária condicionada, depois de cortada ao meio, daria origem a duas planárias que também retivessem a memória do condicionamento pelo qual a planária original havia passado.

Após anos de pesquisa, McConnell conseguiu mostrar que mesmo planárias formadas após sucessivos cortes e regenerações cujo corpo não incluísse nenhuma parte proveniente do verme que fora originalmente treinado ainda retinham o condicionamento. Isso levou o cientista a crer que a memória poderia ser transmitida de um animal a outro por um caminho químico, mais ou menos como o DNA transmite características de geração a geração.

Para testar essa hipótese, ele procurou formas de transferir partes de uma planária treinada para outra, não treinada. Entra a criatividade. McConnell tentou, por exemplo, juntar a cabeça de um verme condicionado à cauda de outro, sem treinamento. Não deu certo.

Apesar dos avanços nas pesquisas, ainda estamos longe de saber onde a memória é, de fato, armazenada. Ainda é um mistério para os cientistas, por exemplo, por que certas memórias permanecem escondidas por vários anos e, de repente, nos surpreendem em uma situação totalmente inusitada.

Uma possibilidade é que as lembranças estejam armazenadas nas sinapses, entretanto, independentemente de serem fortes ou fracas. Mas este ainda não é um consenso. Alguns pesquisadores acreditam que a memória possa estar armazenada no interior das células —como propunha o hoje desacreditado McConnell.

Além das planárias e das lesmas marinhas, outros modelos animais ajudam cientistas de todo o mundo a desvendar a criação de memórias. Há pesquisas, por exemplo, com insetos que apontam como as memórias podem resistir mesmo quando o cérebro passa por uma completa reorganização. É o que acontece com lagartas e mariposas, ou com larvas e moscas.

Evidências: as mariposas preferem botar ovos em plantas das quais se alimentavam na fase de lagarta; e as moscas-das-frutas evitam cheiros que foram relacionados a choques que receberam quando ainda eram larvas.

Até alguns mamíferos parecem corroborar esta hipótese. O esquilo-do-ártico reduz as atividades sinápticas durante o inverno para poupar energia, retomando capacidades cognitivas —como reconhecer familiares— tão logo o clima volta a esquentar. Seres humanos também são um bom exemplo. Apesar de mudanças radicais no cérebro, bebês ainda são capazes de lembrar sons e gostos que sentiram quando estavam no útero materno.

A transmissão de memórias entre gerações é outro tema que intriga os cientistas. Dados empíricos mostram, por exemplo, que filhos e netos de pessoas que sofreram traumas na infância, como abusos ou situações de guerra, tendem a apresentar comportamento depressivo, como seus progenitores, mesmo que não tenham passado pelo mesmo tipo de trauma.

O neurocientista português Alcino Silva, radicado nos Estados Unidos desde os anos 1970, também vem se dedicando ao estudo da memória. Para ele, é fundamental o fato de que as lembranças não existem isoladamente uma da outra; ao contrário, são complexos emaranhados de informações, e conectá-las é fundamental para a sobrevivência, pois nos permite tomar decisões baseadas nas coisas que já aprendemos.

Seus trabalhos se debruçam sobre o gene Creb, que, em estudos anteriores, foi associado à memória emocional e à formação de memórias de longo prazo.

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https://www.osul.com.br/veja-o-que-se-saber-sobre-o-funcionamento-da-memoria/ Veja o que se saber sobre o funcionamento da memória 2019-11-15
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