Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2022
As ações ordinárias (com voto) da Braskem lideraram as altas do Ibovespa, índice de referência dos investidores, no pregão de sexta-feira (28). Os papéis subiram 5,9%, negociados a R$ 48,50, após atingirem na máxima os R$ 50. A escalada dos papéis ocorreu após fracassar, na véspera, a tentativa de suas acionistas Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht) e reduzirem sua participação na companhia.
As empresas decidiram adiar a oferta na quinta-feira, em razão da demanda dos investidores aquém das expectativas. A demanda pelos papéis resultaria em uma venda a R$ 40, o que significaria um desconto de 14% em relação ao pregão do dia anterior. As empresas almejavam levantar R$ 8 bilhões com a operação. Com o desconto, haveria perda de quase R$ 1 bilhão.
Para o chefe de Renda Variável da Renova Invest, Rodrigo Friedrich, a demanda abaixo das expectativas foi um reflexo da percepção do mercado de que tanto a Petrobras quanto a Novonor queriam se desfazer das ações com agilidade.
A venda da petroquímica faz parte do plano de desinvestimento da Petrobras e dos esforços para se concentrar em sua área principal de negócios. A Novonor busca se desfazer dos papéis para pagar credores como parte da reestruturação.
“O mercado percebeu que a Petrobras e a Novonor estavam dispostos a vender as ações, mas fizeram uma oferta em um espaço muito curto. O mercado sentiu que esses investidores grandes estavam querendo se desfazer logo das ações. Então jogaram o preço da ação para baixo para comprar mais barato na oferta e pegar com desconto.”
Em comunicado, a Petrobras informou que cancelou a oferta “em decorrência da instabilidade das condições do mercado de capitais, que resultaram, neste momento, em níveis de demanda e preço não apropriados para a conclusão da transação”. A empresa ressalta que mantém o interesse na operação à medida “que as condições de mercado se mostrem favoráveis”.
Novo mercado
O movimento de alta ontem indicaria um reposicionamento dos investidores no papel, já que a oferta foi adiada.
“Como você tinha os principais fundos querendo desconto e puxando o preço para baixo, quando foi adiado a oferta, o ativo ficou menos pesado. Isso retira o peso de que vai ter um player grande ofertando R$ 8 bilhões com a venda dos papéis”, complementa Rafael Antunes, sócio da Inove Investimentos.
De acordo com fontes do setor, a nova tentativa de vender na Bolsa as ações da maior produtora de resinas termoplásticas das Américas deve ficar para o ano que vem. Petrobras e Novonor já trabalham com esta hipótese no radar em razão das incertezas no mercado financeiro a partir do segundo semestre devido às eleições.
Segundo essas fontes, Petrobras e Novonor, que juntas têm 36,1% e 38,3% do capital total, respectivamente, na Braskem, têm pressa em se desfazer da companhia. Por isso, a indicação do comando das empresas é “voltar a fazer a oferta assim que possível”.
Uma das estratégias que estão sendo desenhadas é primeiro fazer a migração da companhia para o Novo Mercado, que conta com o maior nível de transparência e governança na Bolsa. E só depois prosseguir com a oferta.
A avaliação é que o cenário está “imprevisível” e que hoje uma venda bem sucedida depende “mais do mercado”, resumiu uma fonte a par das negociações.
Em 2019, a holandesa LyondellBasell chegou a mostrar interesse em comprar a a Braskem. Na ocasião, teria oferecido US$ 10 bilhões, mas o negócio acabou não ocorrendo porque a empresa europeia, lembrou uma fonte, considerou arriscado o negócio devido ao processo de recuperação judicial da Odebrecht.