Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2022
As vendas do comércio varejista brasileiro tiveram, em outubro, aumento de 0,4% na comparação com setembro, a terceira taxa positiva consecutiva. É o que apontam os dados divulgados nessa quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Houve desaceleração no volume de vendas em relação a setembro, quando foi registrado crescimento de 1,2% ante o mês anterior. Já na comparação com outubro do ano passado, o setor registrou avanço de 2,7% nas vendas.
“Nos últimos quatro meses, tivemos três resultados de estabilidade – julho (-0,2%), agosto (0,2%) e outubro (0,4%) – e crescimento de 1,2% em setembro. Apesar de estarmos num ritmo muito próximo à estabilidade, quando acumulamos os últimos três meses, que estão no campo positivo, temos um crescimento de 1,7%”, avaliou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Com o resultado, o acumulado no ano ficou em 1,0%. Já o acumulado dos últimos 12 meses ficou em 0,1%, primeira taxa no campo positivo após 5 meses seguidos de quedas.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em outubro variou 0,5% frente a setembro e 0,3% contra outubro de 2021.
O resultado de outubro mostra que patamar de vendas do setor está 3,4% acima do período pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas 2,9% abaixo do nível recorde, alcançado em outubro de 2020. “Essa trajetória de patamar vem mostrando muita amplitude”, destacou Santos.
Segundo o pesquisador, o patamar mínimo foi registrado em março de 2021, quando ficou 8,3% abaixo do pico. Em agosto do mesmo ano, porém, reduziu essa distância para 0,2% distante do recorde. Quatro meses depois, em dezembro, o patamar voltou a ficar em -8,3%.
Houve ganho de ritmo nos primeiros meses de 2022 e, em maio, o patamar estava 2,6% abaixo do pico, quando começou a perder fôlego novamente, ampliando essa distância para -4,6% em julho, quando retomou trajetória de recuperação.
“A amplitude vem diminuindo, mas ainda apresenta alta volatilidade”, enfatizou o gerente da pesquisa.
Alta disseminada
De acordo com o IBGE, cinco das oito atividades do comércio registraram aumento nas vendas na passagem de setembro para outubro.
Veja o resultado de cada uma das atividades comerciais pesquisadas:
— Móveis e eletrodomésticos: 2,5%
— Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 2,0%
— Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 2,0%
— Combustíveis e lubrificantes: 0,4%
— Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,2%
— Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,4%
— Tecidos, vestuário e calçados: -3,4%
— Livros, jornais, revistas e papelaria: -3,8%
Segundo o gerente da pesquisa, o comportamento entre as atividades está relacionado à Black Friday, que desde 2020 “vem se pulverizando, porque as empresas começaram a antecipar promoções e descontos”.
“Vimos isso agora em outubro, sobretudo em Móveis e eletrodomésticos e Equipamentos e material para escritório. Isso tem a ver também com um certo reposicionamento dessas atividades, que tiveram crescimento bem menor depois da pandemia e adotaram outras estratégias de descontos”, ponderou Santos.
O pesquisador ressaltou, ainda, que sobre a atividade de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação há muita influência cambial. “Em outubro houve uma apreciação do real, o que ajudou nas ofertas desses produtos”, disse.
Entre as quedas, Santos destacou a de Livros, jornais, revistas e papelaria, atividade que cresceu com a volta às aulas presenciais e agora mostra uma compensação desse crescimento.
Além disso, “atividades de peso como Hiper e supermercados e Artigos farmacêuticos tiveram comportamento próximo da estabilidade e acabam também segurando o indicador para essa leitura global de estabilidade”, conclui Santos.
No varejo ampliado, as duas atividades tiveram queda na comparação de outubro com setembro: Veículo e motos, partes e peças com -1,7% e Material de construção, com -3,5%.
“Material de construção vem caindo nos últimos meses pois estava num patamar alto depois da pandemia e tem tido uma certa compensação. Veículos também mostra compensação: houve um forte crescimento em agosto, devido a uma demanda reprimida por renovação de frotas nas empresas e também refletindo a trajetória de queda nos preços da gasolina”, explicou Santos.
Estados
Das 27 Unidades da Federação (UFs), 15 registraram aumento no volume de vendas na passagem de setembro para outubro, com destaque para o Amapá, que registrou a maior taxa.
Distrito Federal e Pernambuco tiveram variação nula. Já dentre as dez com queda no indicador, a Paraíba foi a que apresentou o pior resultado.
Já na comparação com outubro do ano passado, 22 das 27 UFs tiveram taxas positivas. Tiveram queda apenas Rio de Janeiro, Pernambuco, Rondônia, Bahia e Tocantins.