Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de março de 2019
O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta sexta-feira (1°) que é preciso abrir o diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para que se faça uma transição no país. Mourão foi questionado sobre uma fala do presidente Jair Bolsonaro que, em café da manhã na quinta-feira com alguns jornalistas, teria cogitado a hipótese de se encontrar com Maduro em “território neutro” para tratar de sua saída do poder. As informações são da agência de notícias Reuters e da Agência Brasil.
“Alguém tem que conversar né? Trump não foi conversar com Kim Jon-un?”, disse o vice-presidente se referindo ao encontro de Donald Trump e Kim Jong Un, na quinta-feira (28) e na quarta-feira (27) em Hanói, no Vietnã.
Para Mourão, a visita do autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, gera efeitos positivos no cenário venezuelano e também externo. “O Guaidó está sendo reconhecido como presidente real, vamos colocar assim, da Venezuela. Ele veio aqui para mostrar para os venezuelanos que é recebido pelo presidente brasileiro. Acho que é isso.”
.Mourão acrescentou, no entanto, que não houve nenhum contato prévio com o governo venezuelano e ressaltou que, ao tratar do tema, Bolsonaro estava respondendo uma pergunta e era apenas algo hipotético.
Mais cedo, ao sair de um encontro com o próprio Mourão, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que não havia negociações com Maduro e nenhuma perspectiva concreta de mudança no país ao vizinho. No entanto, ao contrário de Mourão, afirmou que o Brasil não admitia negociações com o governo venezuelano.
“Qualquer diálogo tem que ser entre eles. Nós não queremos colocar no mesmo pé o regime que consideramos legítimo e o de Maduro”, disse Araújo. “Se outros países quiserem intermediar ou interferir nesse diálogo não nos parece que seja o caminho.”
O chanceler defendeu que a visita de Guaidó foi um sucesso e serviu para o Brasil mostrar que considera o autoproclamado presidente uma alternativa séria de poder na Venezuela. E que esse continua sendo o caminho do Brasil e do grupo de Lima.
“Nosso próximo passo é o reforço do governo Guaidó, é com eles que nós falamos”, disse Araújo, acrescentando que “no momento não tem articulação” para intermediação.
Questionado sobre a possibilidade de envolver países como China e Rússia, que ainda apoiam Maduro, Araújo afirmou que já existe uma articulação no Grupo de Lima com “diferentes atores internacionais”, inclusive os dois países. Lembrou ainda que o Brasil já se ofereceu para “esclarecer a situação da Venezuela” aos dois países.
O chanceler brasileiro avaliou que seria um “absurdo completo” se Guaidó for preso ao voltar a Caracas, como ameaça Maduro, e disse que espera que isso não aconteça. Uma reação, no entanto, dependeria de articulação com o grupo de Lima.