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Por Redação O Sul | 23 de fevereiro de 2019
No dia “D” da oposição ao regime Nicolás Maduro para recebimento de doações de alimentos e medicamentos do exterior, centenas de venezuelanos protestaram neste sábado (23) nas regiões de fronteira com Brasil e Colômbia. Os manifestantes reivindicam que o governo de Caracas autorize o ingresso de caminhões com ajuda humanitária para atender cidadãos venezuelanos afetados pela crise econômica e política do país sul-americano.
Em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, um grupo de venezuelanos exigiu nas ruas do município de Roraima que o país vizinho aceite a ajuda humanitária enviada pelos governos brasileiro e norte-americano. O primeiro caminhão com os materiais chegou à cidade no final da manhã deste sábado vindo de Boa Vista. A fronteira entre os dois países permanece fechada desde a última quinta-feira (21) por ordem de Nicolás Maduro.
De maneira pacífica, os manifestantes se reuniram em Pacaraima – município que é uma das principais portas de entrada de venezuelanos no território brasileiro – e formaram grandes barreiras. “Deixem passar a ajuda humanitária”, gritavam os manifestantes aos soldados da força de segurança venezuelana. Os venezuelanos também clamaram por liberdade. A polícia e o exército não divulgaram uma estimativa de quantas pessoas participaram do protesto.
No município venezuelano de Ureña, na fronteira com a Colômbia, houve confronto neste sábado entre manifestantes e policiais venezuelanos. As pessoas atiram pedras contra as forças de segurança, que revidam com gás lacrimogêneo. Segundo a agência de notícias EFE, há pelo menos um ferido. O protesto ocorre após o fechamento da fronteira entre os dois países pelo governo venezuelano.
Caminhão com doações
Ao se aproximar da fronteira, o primeiro caminhão com ajuda a chegar ganha uma espécia de “colete humano” para proteger os mantimentos. O ato é um plano divulgado pela embaixadora de Juan Guaidó no Brasil, Maria Teresa Belandria: passar com os dois caminhões carregados com as ajudas e pessoas.
Ajuda clandestina
Enquanto há protestos para que comida e medicamentos cheguem a Venezuela, venezuelanos atravessam a fronteira pelas rotas alternativas, conhecidas como trincheiras. A pé, eles desafiam a presença de militares venezuelanos armados que fazem a guarda da linha de fronteira.
O segurança Juancarlo Castro, de 49 anos, relatou confrontos entre civis e militares em Santa Elena. Ele chegou a Pacaraima por volta das 19h30min da última sexta-feira (22) por rotas clandestinas.
“As pessoas saíram às ruas e queimaram postos da GNB (Guarda Nacional Bolivariana) dentro da cidade e uma caminhonete de milicianos. Depois teve tiros, feridos, e acredito que mortos. Saíram cerca de 100 pessoas de Santa Elena durante a noite para ajudar a levar a ajuda”, disse Juancarlo.
“No lado venezuelano não tem comida, não tem remédios, não tem nada. Então hoje viemos para acabar com isso. Não tenho medo dos guardas”, completou o segurança.
A brasileira Juliana dos Santos, 47 anos, mora em Santa Elena e disse estar disposta a atravessar a fronteira em busca de ajuda mesmo com a resistência da guarda. “Decidi vir ajudar porque meus filhos são venezuelanos e me dói muito tudo isso”, disse.