Quarta-feira, 08 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de outubro de 2025
No Brasil, a versão injetável do medicamento recebeu a aprovação da Anvisa em 2023.
Foto: ReproduçãoUm novo estudo clínico mostrou que a versão em comprimido da semaglutida — medicamento usado no tratamento da obesidade — proporcionou uma perda média de 16,6% do peso corporal em adultos após pouco mais de um ano de uso contínuo. Os resultados foram publicados no periódico científico The New England Journal of Medicine e reacenderam o debate sobre o potencial das terapias orais no combate à obesidade.
A pesquisa acompanhou 307 pessoas com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma comorbidade associada, mas sem diagnóstico de diabetes. Durante 64 semanas, os participantes receberam doses diárias de semaglutida oral de 25 miligramas ou placebo, associadas a orientações sobre mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e prática regular de atividade física.
Os resultados foram expressivos. Em média, quem utilizou o medicamento apresentou perda de 16,6% do peso corporal, enquanto o grupo que recebeu placebo registrou redução de apenas 2,7%. Mais de um terço dos participantes tratados com a substância, cerca de 34,4%, conseguiu eliminar 20% ou mais do peso inicial, em comparação a 2,9% entre os que usaram placebo. Mesmo entre aqueles que não seguiram o tratamento de forma rigorosa, a perda média foi de 13,6%, contra 2,2% no grupo controle.
Além da redução de peso, os pesquisadores observaram melhora em fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial e níveis de gordura no sangue, além de um aumento na capacidade dos voluntários de realizar atividades físicas cotidianas. Os resultados se mostraram semelhantes aos obtidos em estudos com a versão injetável do medicamento, já disponível em vários países, inclusive no Brasil.
Os efeitos adversos mais comuns foram náusea, relatada por 46,6% dos participantes, e vômito, registrado em 30,9% dos casos. Segundo os autores, os sintomas foram leves a moderados e geralmente transitórios, aparecendo principalmente nas primeiras semanas de uso. A taxa de interrupção do tratamento por reações adversas foi de 6,9% entre os usuários da semaglutida, percentual próximo ao observado no grupo placebo, de 5,9%.
A farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do medicamento, informou que submeteu a nova formulação oral à aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos. A expectativa é que a análise seja concluída até o fim de 2025. Se aprovada, será a primeira terapia oral da classe GLP-1 indicada para o controle crônico de peso, oferecendo uma alternativa menos invasiva para quem não deseja aplicar injeções.
No Brasil, a versão injetável do medicamento, comercializada sob o nome Wegovy (semaglutida 2,4 mg), recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e começou a ser vendida no ano seguinte. O produto é indicado para pacientes com obesidade ou sobrepeso associados a condições como hipertensão, apneia do sono e resistência à insulina. Especialistas destacam que a chegada da versão oral pode ampliar o acesso ao tratamento e reforçar o papel da medicação no enfrentamento de uma das doenças mais desafiadoras da atualidade.