Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2017
Na semana decisiva para sua sobrevivência no cargo, o presidente Michel Temer tenta mobilizar a base aliada para barrar, já na primeira quinzena de julho, a denúncia que a Procuradoria-Geral da República deverá apresentar contra ele por corrupção. Em reunião no Palácio do Alvorada nesse domingo, o peemedebista discutiu com sete ministros, além de parlamentares, estratégia para lidar com denúncia preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O governo quer liquidar a denúncia em três semanas, mas não sabe ainda como será apresentada, se fatiada ou uma única peça, nem quando chegará ao Congresso. Por isso, Temer deixou a equipe de sobreaviso para um novo encontro tão logo Janot conclua os trabalhos. Além de abreviar prazos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto pretende garantir a nomeação de um relator próximo à gestão e um placar folgado na comissão para recusar a denúncia.
A ideia é que Temer use apenas três de dez sessões a que tem direito para apresentar sua defesa, pressionando o relator a elaborar a conclusão também em três sessões, e não nas cinco previstas. O Planalto trabalha para que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB- MG), indique para a relatoria um parlamentar peemedebista gaúcho: Alceu Moreira ou Jones Martins. Os dois tiveram parte de suas campanhas eleitorais em 2014 financiadas por Michel Temer, como mostrou o jornal Folha de S. Paulo.
Além disso, o governo defende substituições de titulares e suplentes na CCJ para garantir a presença de parlamentares combativos, que defendam insistentemente o presidente em discussões. Nesse domingo, a Folha mostrou que um quinto dos 66 titulares que julgarão a procedência da denúncia na comissão já foi citado em planilhas de pagamentos ou nas delações de executivos da Odebrecht e da JBS.
A avaliação do Palácio do Planalto é que, quanto mais se estender a tramitação da denúncia, maior será o desgaste do presidente e a duração da crise política, que tem afetado o cronograma das reformas governistas. Caso não seja possível liquidar a fatura antes do início do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho, a base aliada articula o adiamento das “férias”, segurando a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).