Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 21 de janeiro de 2022
A mulher albanesa que foi vítima de violência sexual de grupo cometida pelo jogador Robinho e seu amigo Ricardo Falco, condenados a nove anos de prisão, se pronunciou pela primeira vez após o veredito dado pela justiça italiana. Em uma mensagem enviada ao portal de notícias UOL, R., que pediu para não ser identificada, pede que as mulheres denunciem seus agressores e não tenham medo:
“Mulheres, denunciem, não tenham medo de seus agressores porque diante de cada agressor há outras dez pessoas boas prontas a te ajudar: um amigo, um familiar, um policial competente, um juiz, mas, sobretudo, a Justiça”, disse ela ao UOL.
Na quarta-feira, Robinho e Ricardo Falco foram condenados, em última instância, a nove anos de prisão. O crime aconteceu em uma boate em Milão, na Itália, em 2013. A vítima, diferentemente de Robinho, esteve presente em todas as audiências.
A sentença é definitiva, não cabe mais recurso e a execução de pena é imediata. Mas, como o jogador está morando no Brasil, ele não deverá ser preso.
Com a condenação, a justiça italiana poderá pedir a extradição de Robinho e Falco, mas dificilmente eles serão mandados para a Itália, pois a Constituição veta a extradição de brasileiros.
Desta forma, a Itália poderá pedir que eles cumpram as penas em uma penitenciária brasileira mas a homologação da sentença penal condenatória, que deverá ser requerida perante o STF e só prevê reparação civil (pagamento de indenização em favor da vítima).
Ao UOL, R. afirma que a Justiça nunca pagará a dor de um crime, mas tem o poder de ajudar outra mulher a não sofrer violência sexual. “Mesmo que ela (Justiça) não seja totalmente reconfortante, porque nunca pagará a dor, a raiva ou fará você voltar a ser a pessoa que era antes, a Justiça será reconfortante para outra mulher. Uma mulher que pode ser nossa mãe, nossa amiga, nossa irmã ou nossa filha. Só denunciando podemos evitar que isso volte a acontecer.”
O jogador Robinho, Falco, e suas defesas, por sua vez, afirmam que a relação foi consensual. Robinho não foi a nenhuma audiência desde que o caso foi aberto, em 2016. A sentença de primeira instância foi anunciada no ano seguinte. Em outubro de 2020, o jogador chegou a ser anunciado pelo Santos, mas uma série de protestos, principalmente nas redes sociais, fez com que o Peixe suspendesse e posteriormente encerrasse o contrato com o jogador. No mesmo mês, a TV Globo divulgou trechos de uma conversa de Robinho com amigos, no qual os homens debochavam da vítima.
Dois meses depois, em dezembro, a dupla também foi condenada em segunda instância, na corte de Apelação de Milão. Na época, a juíza Francesca Vitale, que presidiu o julgamento, disse que “a vítima foi humilhada e usada pelo jogador e seus amigos para satisfazer seus instintos sexuais”.
Agora, com a condenação na terceira e última instância, não restam mais recursos para Robinho e Ricardo Falco, que podem cumprir a pena no Brasil.
O caso contra os outros quatro homens envolvidos está suspenso até o momento, mas pode ser reaberto com a decisão da justiça italiana. As informações são do jornal O Globo.