Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de fevereiro de 2018
A família de Manuela, dada como morta por engano após o parto, vai pedir na Justiça a condenação dos médicos do Hospital Alpha Med, em Carapicuíba, por homicídio. No último dia 12, a mãe Ana Carolina da Silva, de 18 anos, deu à luz a filha prematura, que acabou registrada como natimorta. Os profissionais registraram que a menina já nasceu sem vida, mas o motorista da funerária e o médico do IML (Instituto Médico Legal) perceberam que ela ainda respirava. A pequena foi internada às pressas, mas não resistiu e acabou morrendo seis dias depois.
O advogado que representa a família, Ademar Gomes, alega que houve homicídio culposo — sem intenção de matar — na conduta dos médicos. Os parentes vão reivindicar na Justiça a punição criminal dos profissionais por negligência e imprudência nos cuidados com mãe e filha. O hospital já havia informado que abriu sindicância para apurar os fatos.
“Foi homicídio culposo. Houve negligência, imprudência dos médicos do hospital porque atestaram o óbito quando ela (a recém-nascida) ainda estava com vida. A criança veio a falecer depois. Eles irão responder na área penal. E, na área cível, o hospital será processado por dano moral e dano material. É uma situação de falta de respeito com a vida do ser humano. Demonstraram um descaso com a vida”, destacou o advogado.
Manuela veio ao mundo com 700 gramas, prematura de seis meses. Ela estava prestes a passar por autópsia, quando foi acudida pelo motorista. O advogado da família ressalta que o médico do IML também pode ser responsabilizado, porque, em vez de acionar uma ambulância para a menina, que teria recursos para atendê-la, orientou o condutor da funerária a colocá-la de volta no caixão e levá-la até o Alpha Med em seu veículo.
Pai de Ana Caroline, Francisco Silva conta que a família ficou em “tremendo choque” ao saber que Manuela estava viva. Ele recorda que a filha chegou ao hospital com dores de parto, mas demorou muito a ser atendida. Era a primeira netinha menina do paulista. Com a confirmação do engano, ele ressalta que sentiu um “alívio”, mas a menina não resistiu e morreu.
“Chegou um momento em que ela não aguentou. Ela gritou de dor e teve o parto normal na sala de medicação. Não tinha as providências ali para receber a criança prematura. Foi negligência geral do hospital, por isso eles têm que responder pelos atos que cometeram. Não pode deixar impune. Não é porque somos humildes que podem tratar assim. Aconteceu com a minha neta e resolvemos (ir à Justiça) para não acontecer com outras pessoas e achar os verdadeiros culpados.”
Em nota, o hospital Alpha Med informou que “o caso ainda está sob a devida apuração e segue colaborando com as autoridades para a elucidação dos fatos”.