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Por Redação O Sul | 18 de março de 2019
A mexicana América Móvil, dona da Claro no Brasil, anunciou nesta segunda-feira (18) que fechou acordo para comprar a Nextel Brasil. Pelos termos do acordo, as atuais controladoras da Nextel (NII e AI Brazil Holdings) concordaram vender suas participações totais na empresa por US$ 905 milhões, o equivalente a R$ 3,47 bilhões, em bases livre de dívidas.
Em comunicado, a América Móvil destacou que, com a transação, a sua subsidiária Claro “consolidará sua posição uma das principais prestadoras de serviços de telecomunicações no Brasil”, fortalecendo sua base de assinantes e cobertura nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, os principais mercados brasileiros.
As atuais controladoras, NII (70%) e AI Brazil Holdings (30%), informaram que a América Móvil adquirirá todas as quotas da Nextel Brasil por um valor de compra consolidado de US$ 905 milhões, “menos dívida líquida, estando sujeito a alguns ajustes no fechamento, incluindo reembolso em relação aos investimentos em ativos fixos e capital de giro de 1º de março até o fechamento da operação”.
Pelos termos do negócio, a América Móvil será a única controladora da Nextel Brasil após a transação. O fechamento da transação está sujeito à aprovação pelos acionistas das atuais controladoras e da obtenção das aprovações pelas autoridades regulatórias (Anatel) e de defesa da concorrência (Cade).
Segundo os dados de dezembro de 2018 da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações), a Nextel é a quinta maior operadora do país, com 3,3 milhões de linhas móveis ativas, o que corresponde a uma fatia de pouco mais de 1% do mercado brasileiro de telefonia celular. A Claro é a 2ª maior operadora do País, com participação de mercado de 24,6%, atrás da líder Telefônica Vivo (31,9%).
Participação
Considerando dados de dezembro de 2018, a Nextel possui 3,3 milhões de linhas ativas, o que representa 1,44% do mercado. Somando aos 56,4 milhões de clientes da Claro, a operadora do grupo mexicano consolida sua posição na vice-liderança de clientes com 26,05% de participação. O movimento deixa a TIM um pouco mais distante do segundo lugar, com 24,4% de market share. A líder é a Vivo, que segue isolada com 73 milhões de clientes e 31,9% do mercado de telefonia móvel.
Apesar de ter alguns clientes isolados em outras regiões, a Nextel opera comercialmente apenas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A América Móvil obtém maior vantagem no Rio de Janeiro, onde os 6,9% de market share se somam aos 32,7% da Claro, que já era líder de mercado. A diferença para a vice-líder Vivo chega a mais de 11 pontos percentuais. Em São Paulo, a Claro possui 25,2% de participação e a Nextel possui 3,09%, o que mantém o grupo mexicano no segundo lugar em número de clientes.
Outro aspecto interessante dessa compra é a quantidade de espectro adicional que a Claro passaria a ter. A Nextel possui uma licença nacional na frequência de 2.100 MHz, além de 1.800 MHz em algumas localidades. A Claro possui licenças nacionais de 700 MHz, 1.800 MHz e 2.100 MHz, além de 850 MHz em alguns Estados.
Com a integração entre as duas operadoras, os clientes da Nextel se beneficiarão de uma maior cobertura, sobretudo em nível nacional. A Claro mantém presença em 4.219 municípios, sendo 3.822 com tecnologia 2G, 3.863 com tecnologia 3G e 2.201 com tecnologia 4G. A Nextel mantinha cobertura em 410 cidades, sendo apenas 40 municípios com 4G, e contava com um acordo de roaming com a Vivo para entregar serviço nos locais onde não atuava.
Nextel tem prejuízo há anos
Adicionalmente, a Nextel divulgou o balanço de 2018. Sua receita operacional consolidada foi de US$ 621 milhões, com adição líquida de 99,3 mil clientes apenas no quarto trimestre.
O ARPU (receita média por assinante) foi de US$ 14 (aproximadamente R$ 53), que é um valor relativamente alto comparado com a maioria das empresas brasileiras. Isso se justifica porque a Nextel se concentra em planos controle e pós-pago puro, apesar de oferecer opções no pré-pago (Happy). Ainda assim, a operadora fechou o ano com prejuízo operacional de US$ 42 milhões. Ela também teve prejuízo em 2017, 2016 e 2015.