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Brasil Com o assassinato do marido, deputada federal do Rio de Janeiro vê a sua imagem abalada

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Flávio dos Santos e Lucas dos Santos são suspeitos de matarem o pai. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A história de Flordelis dos Santos de Souza já foi contada muitas vezes em jornais. Parecia mesmo um belo conto de fadas. Ela passou por programas como os de Ana Maria Braga e Marília Gabriela, sempre tida como uma mãe exemplo que, com quatro filhos biológicos, adotou mais 51. Recebeu em 1994, de uma só vez, 37 crianças de rua após uma chacina na Central do Brasil.

Vinha da favela. Virou pastora e, depois, cantora gospel de sucesso. Até um filme sobre sua trajetória ganhou, superpovoado de estrelas globais que interpretavam pessoas salvas por ela, de Bruna Marquezine a Cauã Reymond.

Em 2018, candidatou-se pelo PSD e teve mais votos que qualquer mulher pelo Rio de Janeiro na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados. Lá, virou referência na pauta da adoção.

Desde 17 de junho, contudo, a deputada acumula 11 faltas não justificadas no Congresso, algo inédito para ela. Todo mundo sabe o motivo: Flordelis perdeu o marido na madrugada anterior.

O pastor Anderson do Carmo foi assassinado após eles voltarem para a casa que dividiam com 35 dos filhos. “Saímos para namorar, curtimos bastante. Uma noite, assim, muito boa”, ela contou ao Fantástico, quando a imprensa já migrara sua história de vida para as páginas policiais.

Anderson tombou por volta das 4h. O laudo do Instituto Médico Legal constatou 30 perfurações em seu corpo, nove delas na região de coxas e virilha.

O desenrolar de tudo ainda é confuso. Um filho biológico de Flordelis (mas não dele), Flávio dos Santos Rodrigues, confessou à polícia ter atirado no padrasto, mas sua defesa diz que o depoimento não é válido porque não foi acompanhado. Lucas Cezar, filho adotivo, teria comprado a arma do crime. Os dois estão presos.

Outro filho, contudo, teria dito à polícia que suspeita da participação da mãe e de irmãs no assassinato. Elas teriam até, segundo ele, colocado remédio da comida de Anderson tempos antes, para agravar sua saúde.

Toda essa narrativa, ainda a ser depurada pelas investigações, desbaratou a imagem de casal modelo que Flordelis e Anderson clamavam para si.

Seus caminhos se cruzaram a dois dias do Natal de 1991. Ele, um jovem de 14 anos que já trabalhava na igreja e fazia um curso de administração, ouviu falar de uma mulher que morava na mesma favela que ele, Jacarezinho (zona norte carioca). Flordelis ia toda sexta-feira a bailes funk para pregar o Evangelho. Encontrou-a na igreja onde ela cantava.

Juntos, começaram um trabalho de evangelização que, com o tempo, virou o Ministério Flordelis, com duas igrejas em Niterói e outra em São Gonçalo. Seis filhos são pastores. Casaram-se quando ele tinha 18, e ela, 33.

A parceria se estendeu na criação dos filhos, que têm entre 8 e 44 anos. Mais da metade mora numa casa amarela no alto de uma rua sem saída, num bairro de classe média de Niterói (região metropolitana do Rio). Pelos buracos do portão, dá para ver a garagem onde Anderson foi baleado.

O clima é de interior. Quando “o pessoal da casa” vai comprar doces em uma das únicas vendinhas próximas, leva sempre de baciada, diz uma comerciante. Flordelis uma vez pegou ali 25 picolés.

Estão no terreno há cerca de sete anos, quando empresários sensibilizados com a situação familiar pagavam financiamento — Carlos Werneck, dono do Hotel Marina, ajudava Flordelis há anos. Com a ascensão financeira na igreja e na política, o casal passou a arcar com as parcelas do que faltava pagar.

Para abrigar a filharada e alguns netos, são três casas cheias de “puxadinhos”. A sala, com um grande sofá marrom e uma TV simples, é o local onde a mãe costuma convocar reuniões para discutir erros e acertos.

“Falo: carinha, tem que consertar isso aí. Querida, passamos do ponto”, afirmou a deputada em entrevista a jornalistas. Ela diz ter uma família normal, com brigas como em qualquer outra, sem motivos para um desfecho extremo.

A Marília Gabriela, em 2016, a deputada disse que sim, claro, os filhos têm desavenças. “Às vezes por apelidos. E tem aquela coisa do mico, um comete o mico, outro fica zoando.”

A jornalista lhe pergunta: “Chegou a desistir honestamente de alguma criança?” Nunca, responde. “Não sei se é por causa da minha fé, acredito muito que as coisas podem acontecer, sou muito positiva. Eles precisam de uma chance.”

A família não tem dado mais entrevistas por orientação dos advogados. O receio veio após reportagens os pintarem como uma seita, e outras em que especialistas arriscam analisar sua relação.

Na semana passada, uma filha e uma funcionária atenderam a reportagem da Folha no portão, mas disseram que não podiam dar qualquer informação. Lá dentro, o cachorro continuava latindo, e as crianças, brincando.

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https://www.osul.com.br/com-o-assassinato-do-marido-deputada-federal-do-rio-de-janeiro-ve-a-sua-imagem-abalada/ Com o assassinato do marido, deputada federal do Rio de Janeiro vê a sua imagem abalada 2019-07-10
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