| Com pesquisa, governo avalia que momento é ruim e exige humildade
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2015
O momento é muito ruim, não deve melhorar no curto prazo, mas o governo tem de ter humildade para entender as dificuldades e trabalhar para reverter a situação.
Esta é avaliação de assessores do governo sobre o cenário de reprovação recorde de Dilma Rousseff revelada pelo Datafolha e das críticas feitas pelo ex-presidente Lula, explicitando uma divisão na cúpula do PT.
Publicada nesse domingo (21), a pesquisa mostra que 65% do eleitorado avalia a presidenta como ruim ou péssima. Número que só não é pior do que os 68% alcançados por Fernando Collor antes de seu impeachment.
O receio do Palácio do Planalto é que a aprovação da presidente Dilma caia abaixo de 10%, limite atingido pela presidenta na pesquisa Datafolha, diante do cenário ruim na economia, que deve persistir nos próximos meses.
Aliados de Dilma já trabalham com a ideia de que os resultados das próximas pesquisas possam ser piores.
Assessores presidenciais destacam o dado da pesquisa, de que para 63% dos entrevistados o ajuste fiscal afeta mais os pobres, como um sinal preocupante e sinalizador de que a popularidade presidencial pode cair mais.
Eles dizem que, neste momento, por mais que o governo busque adotar uma agenda positiva na economia como reclama Lula, a população está sentindo “na pele” os efeitos do ajuste fiscal.
Dilma, segundo assessores, ficou contrariada com as críticas do ex-presidente, mas a ordem é não rebater a fala do petista para não alimentar uma crise entre os dois.
Em conversa com religiosos na semana passada, Lula disse que Dilma e ele estão no “volume morto” e o PT, “abaixo dele”. Afirmou ainda que a presidenta prometeu não mexer em direitos trabalhistas e acabou mexendo.
Oficialmente, a avaliação do governo é que a pesquisa reflete a conjuntura econômica e política ruim, mas que estão sendo tomadas as medidas para reverter o quadro.
“Toda pesquisa tem de ser analisada e ser objeto de reflexão sobre seus significados, mas acreditamos que ela reflete um momento específico que será revertido”, afirmou o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva disse que a pesquisa mostra que estamos “enfrentando uma situação política e econômica complexas” e que o governo “tem de ter humildade para entender as dificuldades do momento”.
Afirmou, porém, confiar que, “em breve”, as medidas que já estão sendo tomadas, como os planos de concessões e de safra, “vão gerar os efeitos desejados” e reverter o atual quadro ruim.
Para o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o resultado mostra que Dilma “colhe o que plantou” ao ter “mentido e enganado” a população ao longo da campanha eleitoral. “Essa rejeição não é uma disputa de classes, mas algo que se espalha em todas as regiões do país”, afirmou o tucano.
Entre os oposicionistas, o clima é de comemoração. Além da popularidade de Dilma ter despencado, o fato de Aécio aparecer dez pontos percentuais à frente de Lula numa eventual disputa à Presidência animou o PSDB. O tucano diz que, no momento das eleições de 2018, o partido estará “unido” em torno do nome escolhido para disputar o Palácio do Planalto. (Valdo Cruz e Gabriela Guerrero/Folhapress)
