Segunda-feira, 07 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2024
Moro procurou interlocutores do ex-presidente para cobrar explicação.
Foto: Marcos Oliveira/Agência SenadoO senador Sergio Moro (União-PR) soube pela imprensa que Jair Bolsonaro não vai conseguir cumprir a promessa que fez sobre o processo de cassação de seu mandato. O ex-presidente se comprometeu com o ex-juiz que o PL não recorreria ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em caso de vitória de Moro na primeira instância.
A palavra final, porém, foi a do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que decidiu seguir com a ação. Ao saber da informação, Moro procurou interlocutores de Bolsonaro para cobrar uma explicação. O que foi dito ao ex-juiz é que o capitão reformado segue atuando para que o partido desista de recorrer ao TSE.
A avaliação de parlamentares do próprio PL é que, com o gesto, Valdemar esvazia a autoridade de Bolsonaro e mostra quem é, de fato, o dono do partido. Bolsonaro foi pego de surpresa com a decisão, pois dava como certo que o PL atenderia aos seus apelos.
Indagado sobre o assunto, o senador Flávio Bolsonaro também disse que não sabia da decisão de Valdemar e avaliou que a medida prejudicará o candidato do próprio PL no Paraná, em caso de nova eleição. O nome do partido numa eventual disputa é Paulo Martins, que ficou como segundo colocado em 2022. Para Flávio, Paulo Martins ganhará a “antipatia dos eleitores de Moro”. A avaliação é a mesma de Bolsonaro, que tem repetido que o eleitorado do PL no Paraná vota em Moro.
“Técnico e impecável”
Após o resultado, de 5 votos a 2 contra a sua cassação, o senador paranaense, em conversa com a imprensa, alegou sofrer retaliação por sua atuação como juiz na “Operação Lava-Jato”. Moro não quis responder às perguntas da imprensa.
“Há juízo em Curitiba. O TRE-PR, em um julgamento técnico e impecável, rejeitou as ações que buscavam a cassação do mandato de senador que me foi concedido pela população paranaense. O resultado representa um farol pela independência da magistratura frente ao poder político”, disse o senador inicialmente.
Moro afirmou que “sempre teve a sua consciência tranquila em relação ao que foi feito em sua campanha eleitoral”. “Seguimos estritamente as regras, as despesas foram todas registradas, os adversários as inflaram artificialmente.”
“As ações estavam repletas de mentiras e de teses jurídicas sem o menor respaldo, como assim reconheceu o TRE. Queriam criar regras novas para fase de pré-campanha para cassar arbitrariamente mandatos”, alegou.
O senador afirmou, ainda, que as ações de seus adversários não passam de “oportunismo misturado com retaliação pela Operação Lava-Jato”.
O ex-juiz também fez referência aos eventuais recursos que deve enfrentar no próprio TRE e também no TSE.
“Há ainda um caminho pela frente, mas espero que a solidez desse julgamento sirva como freio à perseguição.”