Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de abril de 2019
Sob alegação de atrasos no repasse de pagamentos devidos pelo governo, construtoras que atuam no programa Minha Casa, Minha Vida avisaram ao Palácio do Planalto que vão começar a demitir trabalhadores. A defasagem no cronograma começou no início do ano. Com a promessa de que a situação seria regularizada, os empresários aguardaram até março. Como o dinheiro não veio, eles falam agora em dispensar até 50 mil empregados nos próximos dez dias. A dívida seria de R$ 450 milhões. As informações são da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, e da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
O porta-voz do recado dos construtores foi o presidente da CBIC, José Carlos Martins. Ele enviou mensagens aos ministros da Casa Civil, do Desenvolvimento Regional e da Economia informando que “não consegue mais segurar o pessoal”.
Dados da CBIC indicam que o Minha Casa, Minha Vida representa dois terços do mercado imobiliário brasileiro. O setor da construção, que chegou a empregar 3,4 milhões de pessoas, hoje emprega 2 milhões.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Regional informou que não houve aviso formal de demissões, mas reconheceu que “tem recebido reclamações de pagamentos abaixo do necessário”.
“Importante ressaltar que, desde o início do ano, o ministério liberou R$ 732 milhões para o programa”, diz nota da pasta. Segundo o órgão, atrasos em janeiro e fevereiro foram decorrentes de contingenciamentos, mas há esforço para antecipar limites para os próximos meses.
Confiança
Segundo a Sondagem Indústria da Construção, divulgada no final de março pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da CBIC, a indústria da construção continua desaquecida e os índices de confiança e de expectativa demonstram menos euforia em março, indicando cautela dos empresários do setor da construção. A pesquisa aponta para um recuo expressivo da intenção de investimento e do Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção), que começaram o ano em níveis bastante elevados mas recuaram pela segunda vez consecutiva, sugerindo que a disposição para investir e a confiança dos empresários estão diminuindo. Veja a pesquisa na íntegra.
A Sondagem da Construção da Fundação Getulio Vargas (FGV), também divulgada no final do mês passado, aponta o mesmo. O seu Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 2,5 pontos, configurando a maior queda na margem desde junho de 2018 (-2,9 pontos). O indicador passou para 82,5 pontos, menor valor desde outubro de 2018 (81,8 pontos). Em médias móveis trimestrais, o ICST recuou 1,0 ponto em março depois de seis altas consecutivas.