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Tito Guarniere É cedo para comemorar

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(Foto: Marcos Corrêa/PR)

A cada (pequeno) êxito do governo Bolsonaro, a torcida organizada vibra. Dá-se ares de quem fez a escolha certa e de que está em curso uma revolução neste país. Acreditam piamente no líder quando ele diz, sem corar, que salvou o país do comunismo e das desgraças que o acometem ao longo dos séculos.

Não se deve confiar nas massas incultas. Elas tanto podem aderir fanaticamente ao populismo de esquerda, como em Lula e no PT, como à direita arrogante e autoritária, como em Bolsonaro. Deve-se afastar dos raciocínios rasos e rotulagens fáceis: podem ser contagiosos. Um lulopetista tem a obrigação de espalhar que Bolsonaro está envolvido na morte de Marielle. Um fã de Bolsonaro deve dizer que Lula tramou a morte de Celso Daniel.

Convicções são perigosas na grei, nos agrupamentos coletivos. As massas, quando se tomam de convicções, tornam-se burras e operosas, como nas redes sociais. “Convicções são mais inimigas da verdade do que as mentiras” – Nietsche.

George Orwell, o escritor lendário da distopia “1984”, deu o tom: “Todo pensamento político dos últimos anos tem sido viciado. As pessoas podem prever o futuro quando ele coincide com os seus próprios desejos, e os fatos mais grosseiramente óbvios podem ser ignorados quando não são bem- vindos”. Orwell morreu em 1950 – vejam como é antigo o antagonismo bruto das paixões políticas.

O ministro Sérgio Moro, comemora a queda da criminalidade como se fosse obra dele e do governo Bolsonaro. Mas não cita uma só ação de sua lavra que tenha, de algum modo, provocado a redução. Os áulicos dão a entender que a bandidagem abandonou o crime com medinho de Moro e Bolsonaro, ou porque agora os cidadãos de bem podem usar armas. Uma multidão de otários não só acredita como passa adiante a baboseira.

O governo se gaba de modestas melhoras na economia, que imediatamente se transformam em peças de propaganda – como, a bem da verdade, fazem todos os governos. Os robôs do bolsonarismo, ligados no piloto automático, replicam cheios de fervor nas redes sociais o repertório de autoelogios.

É preciso acreditar que a terra é plana para atribuir os escassos êxitos da economia ao atual governo. Medidas de política econômica levam tempo para gerar frutos.

A inflação está sob controle (apesar do sinal inquietante do índice de novembro), os juros declinaram: heranças do governo Temer. A reforma trabalhista de 2017 só agora, dois anos depois, começa a dar frutos – em boa parte é a causa do lento e gradual crescimento do nível de emprego.

Ah, mas agora não tem mais corrupção. O que acabou foi a corrupção no atacado, por causa da histórica (e pouco reconhecida) decisão do STF, em 2015, de proibir o financiamento empresarial das campanhas políticas. Mesmo no tempo de Temer, que saiu do governo pela porta dos fundos, os trambiques do setor público declinaram drasticamente.

É cedo para dar vivas ao governo Bolsonaro. Os fãs, áulicos e jornalistas a favor deveriam conter a ansiedade. Por enquanto a marca inconfundível do governo são as vulgaridades que o presidente dispara no twitter, todos os dias, com método, insistência e singular falta de sutileza e graça.

 

 

 

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