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Brasil No comando do BNDES, Maria Silvia Bastos provocou uma reviravolta nas políticas de financiamento e nas taxas cobradas do empresariado nos empréstimos de longo prazo

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Em janeiro, Maria Silvia anunciou novas políticas operacionais. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A saída de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social deixa em aberto qual será o papel do banco de fomento. Em apenas um ano, ela provocou uma reviravolta nas políticas de financiamento e nas taxas cobradas do empresariado nos empréstimos de longo prazo. Na infraestrutura, o banco assumiu a coordenação de projetos de privatização de serviços de saneamento, energia, gás natural e iluminação pública. Maria Silvia dava ainda os primeiros passos para a entrada da instituição na concessão de crédito a segmentos como educação, eficiência energética e resíduos sólidos, com destaque ao apoio ao meio ambiente.

De início, o empresariado se mostrou receptivo às mudanças e ao discurso de maior eficiência. Mas, aos poucos, a percepção foi mudando, e começaram a surgir as críticas de que o banco tinha agora “roda presa”, ainda mais em um cenário de recessão prolongada. No ano passado, o banco desembolsou 88,3 bilhões de reais, o menor patamar desde 2007. Em janeiro, Maria Silvia anunciou novas políticas operacionais: saía de cena o apoio a setores estratégicos — que marcou a gestão anterior — e, em vez disso, o BNDES passaria a priorizar a qualidade dos projetos.

Se até aí havia alguma insatisfação, a mudança na Taxa de Juros de Longo Prazo usada nos financiamentos do banco, abriu espaço para a gritaria. Em um processo gradual, o juro passará a se aproximar das taxas cobradas no mercado. Para o empresariado, a mudança foi a gota d’água, e as queixas passaram a ser feitas abertamente.

Do ponto de vista institucional, o momento é delicado para o BNDES. Os funcionários do banco de fomento entraram na mira da PF (Polícia Federal) em razão do apoio — por meio de crédito e participação acionária — à JBS, investigado na Operação Bullish. Mais de 30 funcionários foram surpreendidos em casa pelos agentes da PF e levados a depor coercitivamente, inclusive uma grávida de 39 semanas. Da noite para o dia, o lado da avenida Chile que se acostumou a assistir da janela os desdobramentos da Operação Lava-Jato sobre a Petrobras passou a ser alvo de questionamentos.

De espectador, o banco passou a protagonista. A delação de Joesley Batista envolvendo o presidente Michel Temer trouxe para o primeiro plano discussões sobre o ritmo acelerado de crescimento do grupo JBS e o papel do financiamento público nessa expansão.

O banco tem participação de 21% no capital da JBS. Até o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, fez críticas nesta semana ao tamanho que a companhia alcançou no País e criticou o BNDES por ter contribuído para que ela conquistasse uma posição dominante no mercado — algo que ocorreu na gestão anterior à de Maria Silvia.

Em sua delação, inclusive, Joesley, dono da JBS, chegou a criticar a atitude de Maria Silvia. Segundo o executivo, Temer levou “pessoalmente” um pedido de interesse do grupo à presidente do BNDES. De acordo com o delator, no entanto, o resultado da conversa foi “infrutífero”.

Os funcionários passaram a cobrar uma defesa mais firme do corpo técnico da instituição, com direito a manifestações na porta do BNDES. O assunto ganhou tal magnitude que o banco anunciou a criação de uma Comissão de Apuração Interna para avaliar as operações com o grupo JBS. Não foi suficiente para acalmar os ânimos. Na semana passada, a instituição criou um comitê de crise para dar apoio às investigações e passou a oferecer apoio psicossocial aos funcionários.

 

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