Política Marqueteira do PT diz que sofreu calote de 25 milhões de reais da Odebrecht após a Operação Lava-Jato
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2017
A marqueteira do PT Monica Moura disse, em depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República), que levou um “cano” de 25 milhões de reais da empreiteira Odebrecht depois da campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014. Segundo a delatora, o dinheiro não foi depositado porque a empreiteira Odebrecht estava “com medo” do avanço da Operação Lava-Jato.
Monica Moura e o publicitário João Santana foram os responsáveis pelas duas campanhas de Dilma Rousseff à Presidência da República. Condenados pela Operação Lava-Jato, eles fecharam um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República para reduzir a pena de prisão. Pela campanha de Dilma em 2014, o casal cobrou, ao todo, 105 milhões de reais.
“Quando chegou no final de 2014, que a campanha acabou, nós ganhamos, a Lava-Jato já tava bem adiantada […]. E aí esses 25 milhões nunca foram pagos. Nunca foram depositados na conta da Shelbill porque aí a Odebrecht já tava com medo, aí já tinha uma confusão em torno disso”, contou a empresária.
“Eles nunca pagaram esse dinheiro. Primeira vez que eu recebi um cano da Odebrecht por conta da situação que tava, tá acontecendo. Então dos 105 milhões de reais cobrados, na verdade, eu recebi 80 milhões”, completou.
A delatora contou ainda que fez cobranças do pagamento dos serviços ao então coordenador do departamento de propina da empreiteira Odebrecht Hilberto Silva e também ao ex-executivo da empresa Fernando Migliaccio.
“Eu ligava para ele [Migliaccio] pra dizer ‘como é?’ [Migliaccio respondia] ‘ah, Mônica, tem que esperar um pouquinho, só um pouquinho, deixa a poeira baixar. Deixa a poeira baixar”, relatou a marqueteira.
Monica Moura diz também que, como a cobrança aos executivos da empreiteira não estava surtindo efeito, passou a cobrar o pagamento da própria presidenta da República.
“Andou 2015 e nada de pagar. Aí eu não procurei o Mantega. Aí eu procurei a Dilma. Entendeu? Eu mesma procurei a Dilma. Eu tive com a Dilma várias vezes em 2015. Várias vezes, por conta desse atraso”, contou.
Ainda segundo a delatora, a ex-presidente pediu “paciência” a ela. “[Dilma dizia]: ‘você só tem que ter paciência, espera que eles vão resolver’. Acabaram não resolvendo nunca”, explicou.
Conta na Suíça
A marqueteira Monica Moura disse, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, que a ex-presidente Dilma Rousseff sugeriu que a empresária mudasse o local da conta que ela e João Santana possuíam na Suíça. De acordo com a delatora, Dilma citou Cingapura como um possível lugar para hospedar a conta dos marqueteiros.
Segundo a delatora, Dilma ouviu dizer que a cidade-estado asiática era um local “muito seguro”. Mônica Moura afirmou também que a petista estava preocupada com a conta que seria o elo da campanha com a empreiteira Odebrecht.
