Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2017
O presidente Michel Temer foi aconselhado por alguns assessores a renunciar nesta quinta-feira, enquanto ministros mais próximos o incentivaram a não ceder às pressões e resistir. Depois de uma série de reuniões com aliados mais próximos preferiu ir para o enfrentamento. A avaliação final é que Temer teria que se defender e que só sairia perdendo ao deixar o cargo, até porque perderia o foro privilegiado em eventual investigação na Lava-Jato.
Em seu discurso, Temer acabou adotando o tom do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ele repetiu o discurso das conquistas econômicas e os perigos para o país com a estabilidade. O roteiro foi dos ministros Padilha e de Moreira Franco, que deflagraram a estratégia em vídeos pela manhã. Padilha era um dos mais enfáticos para Temer não ceder, pelo menos por enquanto.
Os mais experientes lembraram ao presidente que um processo de impeachment é longo e que ele pode ficar mais protegido no cargo. Além disso, junto à população, ele já é criticado por ter apoiado o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Por isso, a experiência dos mais antigos prevaleceu em não ceder agora.
Temer estava tenso, segundo um amigo, e avisou que na hora derradeira seria “sua” e apenas sua a decisão. A decisão foi defender uma investigação extensa de todas as denúncias e se descolar de interlocutores que aparecem na delação premiada da JBS falando em seu nome.
É o caso do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), assessor próximo de Temer. Ele aparece em delação feita pelo presidente da JBS, Joesley Batista, discutindo interesses da empresa no governo. Rocha Loures também foi flagrado recebendo uma mala com 500 mil reais enviada por Joesley.