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Você viu? Novas diretrizes da Organização Mundial da Saúde buscam mudar visão sobre o parto e a frear explosão de cesáreas

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No Brasil, dos 3 milhões de partos realizados em 2015, último ano com dados consolidados, 55,5% foram cesáreas. (Foto: Freepik)

Menos medicação e intervenções durante o trabalho de parto, mais tempo para dar à luz e mais participação da grávida nas decisões. Estas são as circunstâncias ideais de um nascimento, segundo o novo guia da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o assunto, que inclui 56 recomendações sobre a hora do parto. Esse conjunto de orientações é considerado mais um importante passo da entidade na tentativa de frear a epidemia de cesarianas e estimular o parto humanizado ao redor do mundo.

Estima-se que, anualmente, 140 milhões de nascimentos ocorram no mundo — a grande maioria, sem complicações. No entanto, algumas intervenções, como a realização de cirurgias cesarianas ou a administração do hormônio sintético oxitocina para o bebê nascer mais rapidamente, têm sido usadas de forma excessiva. Em muitas ocasiões, essas intervenções não são apenas desnecessárias, mas fazem com que a mãe tenha uma experiência negativa em um momento tão importante.

Para evitar isso, a extensa lista de orientações da entidade tem como um dos principais itens a recusa de intervenções de qualquer tipo como rotina. Isso inclui cesariana e episiotomia — corte feito no períneo, na área genital externa da mulher, para ampliar o canal de parto. O novo guia também encoraja que as mulheres caminhem à vontade durante o início do trabalho de parto e escolham a posição em que terão o bebê.

Para Princess Nothemba Simelela, diretora-geral assistente da OMS para Família, Mulheres, Crianças e Adolescentes, as novas diretrizes são um passo para reduzir as altas taxas de intervenções médicas desnecessárias ou ineficazes.

“Não podemos manter nosso foco apenas na sobrevivência. A OMS acredita que ‘cuidados de alta qualidade’ devem abranger a prestação de serviços e a experiência da mulher. As diretrizes colocam a mulher e seu bebê no centro do modelo de cuidados, para alcançar os melhores resultados físicos, emocionais e psicológicos possíveis”, indicou a médica ao jornal O Globo.

Dilatação

Pesquisas dos últimos anos, incluindo um estudo da própria OMS com 10 mil mulheres na Nigéria e em Uganda, indicam que um ritmo de dilatação do colo do útero de 1 centímetro por hora, que era até então tido como parâmetro para indicar normalidade do trabalho de parto, é “irreal” para a maioria das gestantes. De acordo com Olufemi Oladapo, do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, o ritmo da dilatação pode ser mais lento sem que isso prejudique a saúde da mãe ou do bebê.

Um parâmetro mais adequado, segundo a entidade, seria o de 5 centímetros de dilatação durante as primeiras 12 horas para uma mulher que dá à luz pela primeira vez. Em partos subsequentes, o esperado é de 5 centímetros em dez horas. Durante esse processo, os sinais vitais da mãe e os batimentos cardíacos do bebê devem ser monitorados.

No Brasil, dos 3 milhões de partos realizados em 2015, último ano com dados consolidados, 55,5% foram cesáreas e 44,5% foram partos normais. De acordo com levantamento da OMS, esta é a segunda maior taxa de cesáreas do mundo, atrás apenas da República Dominicana, onde o índice chega a 56,4%. O recomendado internacionalmente é que as cesáreas representem em torno de 15% do total de partos.

O médico brasileiro Renato Sá, coordenador de obstetrícia do grupo Perinatal, destaca que a cesariana inclui todos os riscos associados a qualquer cirurgia, por isso deve ser evitada quando a mãe estiver apta a ter seu bebê por parto normal.

Ele ressalta que não se trata de demonizar as cesáreas e as intervenções, mas de usá-las somente quando houver indicação clínica.

“Tecnologias salvam vidas, quando bem empregadas. O problema não é a tecnologia, mas a forma como é empregada. O uso da oxitocina sintética, por exemplo, pode levar a grávida a ter contrações mais fortes do que o normal e colocar o bebê em sofrimento”, observa Renato Sá. “Por outro lado, o uso desse hormônio sintético é responsável por evitar hemorragia pós-parto em muitas gestantes, o que é uma das principais causas de morte materna. A cada quatro minutos, morre uma mulher no mundo por causa disso.”

Segundo o pediatra Ricardo Chaves, professor de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj), o modelo de assistência à gestante feito por enfermeiras obstétricas, e não apenas por médicos, durante todo o pré-natal e no parto tem sucesso em todo o mundo na redução, ainda que lenta, das taxas de cesáreas e no aumento da satisfação das grávidas.

No Brasil, o Ministério da Saúde informou que tem investido em cursos voltados para a formação de enfermeiras nessa área. De acordo com a pasta, até setembro de 2017, participaram dessa iniciativa quase 1.500 enfermeiras.

 

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