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Mundo O anúncio de um novo líder não significa uma mudança política imediata em Cuba

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Miguel Díaz-Canel terá mais cinco anos de mandato para encontrar respostas para a forte crise econômica de Cuba. (Fonte: Reprodução)

O anúncio de Miguel Díaz-Canel como presidente de Cuba, feito nessa quinta-feira, não significa necessariamente uma mudança política imediata no país. A trajetória de Díaz-Canel se deu dentro do PCC (Partido Comunista de Cuba), sob a tutela de Raúl Castro. Ele nasceu em 1960, um ano depois da Revolução, na província central de Villa Clara.

Líder da união de Jovens Comunistas em sua província, ele chegou à liderança da juventude nacional do Partido Comunista de Cuba em 1993. Foi nomeado ministro do Ensino Superior por Raúl Castro em 2009 e ficou no cargo durante três anos. Em março de 2012, foi nomeado vice-presidente do Conselho de Ministros para a Ciência, Educação, Esportes e Cultura, circulando nacional e internacionalmente, muitas vezes na companhia ou em nome de Raúl Castro.

Metódico, Díaz-Canel cresceu na carreira política como um “funcionário exemplar”, dizem fontes do governo da ilha. “Ele é um engenheiro que pensa em termos de eficiência, questionando-se qual é o sistema que lhe trará mais resultados”, afirma o cientista político López Levy, contemporâneo de Díaz-Canel.

Aarão Reis lembra que, embora Díaz-Canel seja um homem de confiança de Raúl Castro e tenha uma trajetória dentro do Partido Comunista de Cuba, ele não pertence à geração revolucionária e é civil. “Insista-se: ele é um homem do sistema, mas há exemplos históricos de ‘homens do sistema’ que se decidiram a mudar o ‘sistema’. Basta citar dois exemplos: Mikhail Gorbatchev e Deng Xiao-Ping. Embora provenientes do ‘sistema’, souberam encarnar propostas reformistas”, diz Aarão Reis.

Dentre as questões importantes com as quais o novo líder da ilha caribenha terá de lidar, alguns serão decisivos para o futuro do país. Isso inclui questões internas e externas, a exemplo da relação com os Estados Unidos

Desestatização

Os cubanos têm duas expectativas principais em relação ao novo governo: primeiro, a desestatização da economia; segundo, a descentralização da política.

“Quando digo ‘desestatização’ não me refiro ao neoliberalismo ou às privatizações, como acontece no resto da América Latina, mas sim a uma economia que deixará de ser 95% estatal para ser 70% estatal. O Estado cubano seguirá sendo protagonista”, explica a historiadora Joana Salém. “Acontece que a abertura de 30% de setor privado faz uma grande diferença na vida da sociedade cubana, que passa a criar pequenas e médias empresas.”

Descentralização

A descentralização da política é um ponto mais polêmico. A Assembleia Nacional do Poder Popular é formada por deputados com salários próximos da média salarial do povo, 40% são negros e 53% são mulheres, mas, em termos ideológicos, a coisa muda de figura.
“Há um predomínio absoluto de militantes do Partido Comunista (96%).

Setores não partidários poderiam ter mais participação. Existem grupos apoiadores da Revolução, identificados com o socialismo, mas que defendem o fortalecimento dos organismos de base, como os Conselhos Populares, e a criação de mais canais de representatividade e de debate público”, continua Joana.

A visão de Díaz-Canel sobre essa importante encruzilhada do regime cubano, no entanto, continua uma incógnita. Para Antonio Rodiles, ativista anticastrista, Díaz-Canel “é uma pessoa apagada, que repete como um robô o que tem sido dito em Cuba nos últimos 60 anos”.

Estados Unidos

A aproximação entre os Estados Unidos, movimento que vinha sendo implementado no governo do presidente norte-americano Barack Obama, foi freado quando Donald Trump assumiu a Casa Branca. As embaixadas voltaram a se instalar em Havana e Washington, e Obama chegou a visitar Cuba em 2016, reduzindo a tensão de décadas entre a superpotência capitalista e o pequeno enclave socialista situado a poucos quilômetros de sua costa.

O futuro, porém, depende muito mais do governo americano do que de Cuba. “A abertura empreendida por Obama foi paralisada. Entretanto, Trump não a reverteu. E é do interesse de empresas americanas ganhar e consolidar acesso ao mercado cubano. Tudo isto está sujeito a ventos e a trovoadas”, comenta o professor Aarão Reis.

“Mas uma coisa é certa: um eventual endurecimento dos EUA só fará o jogo dos conservadores cubanos que desejam manter como está uma ditadura política que já foi revolucionária e que, há muito, se tornou basicamente conservadora”, completa.

Raúl Castro

Quando o novo presidente assumir, o caçula dos irmãos Castro não renunciará a todas as suas funções. Em vez disso, continuará atuando como secretário-geral do Partido Comunista de Cuba até 2021, além de seguir como deputado nacional e líder das Forças Armadas. Ele sucedeu Fidel interinamente em 2006 e definitivamente em 2008, após ser o número 2 durante os anos de governo do irmão mais velho.

Na Revolução de 1959, Raúl, sob a liderança de Fidel, ajudou a derrubar o governo cubano comandado pelo ditador Fulgencio Batista. Após a tentativa bem sucedida de tomar o poder na ilha, Fidel já anunciava que seu irmão caçula deveria ser seu sucessor. Meses depois, ele assumiu o posto de Ministro da Defesa.

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https://www.osul.com.br/o-anuncio-de-um-novo-lider-nao-significa-uma-mudanca-politica-imediata-em-cuba/ O anúncio de um novo líder não significa uma mudança política imediata em Cuba 2018-04-19
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