Terça-feira, 01 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2019
As mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completaram 600 dias nesta segunda-feira (4) sem que os mandantes dos assassinatos tenham sido identificados e sem esclarecimento para outras questões importantes. Dezenove meses após as execuções, ainda não se sabe quem mandou matar a vereadora, onde está o Cobalt prata usado pelos assassinos nem a localização exata das armas dos crimes. As informações são do jornal O Globo.
Confira a seguir um resumo de alguns momentos da investigação das mortes de Marielle e Anderson:
O Ministério Público do Rio recebeu na última quarta-feira (31 de outubro) o resultado da perícia nos áudios da portaria do condomínio Vivendas da Barra. Segundo as promotoras, as gravações provam que quem autorizou a entrada do ex-PM Élcio Queiroz no condomínio foi o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, e não alguém na casa do presidente Jair Bolsonaro, como afirmou um porteiro em dois depoimentos à Polícia Civil. De acordo com as investigações, Lessa e Queiroz estavam no Cobalt prata de onde partiram os disparos contra Marielle e Anderson em 14 de março de 2018. Com a divulgação dos áudios, ficou provado que os dois se encontraram na Barra no dia dos crimes. O caso das gravações ganhou repercussão após uma reportagem do Jornal Nacional revelar as declarações do porteiro à polícia e lembrar que Bolsonaro se encontrava em Brasília no dia do crime.
Em 23 de outubro de 2019, a Polícia Civil ouviu o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Paulo Melo e o ex-deputado estadual Edson Albertassi, ambos do MDB. Agentes apuram se o duplo homicídio teve motivação política e novos nomes entram no radar da investigação. A convocação dos parlamentares presos para depoimento se deve a uma linha de investigação que considera a hipótese de crime de vingança, uma vez que uma ação popular movida pelo PSOL, partido de Marielle, em novembro de 2017, impediu uma suposta manobra de Albertassi, Mello e Jorge Picciani para escaparem da Operação Cadeia Velha , na qual os deputados estaduais foram presos.
Após ser obrigada pelo Tribunal de Justiça do Rio a fornecer, a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a lista de pessoas que pesquisaram na ferramenta de buscas o nome “Marielle Franco”, entre 10 e 14 de março do ano passado, a Google recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reverter a decisão. Em parecer sobre o recurso, o Ministério Público Federal ficou do lado da empresa e alegou que o pedido do MP-RJ “atenta contra direitos e garantias de indivíduos não relacionados ao crime”. A solicitação do MP-RJ tinha como objetivo reforçar a coleta de provas contra Lessa e Queiroz.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio já sabem que um carro, estacionado num supermercado na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, foi utilizado como esconderijo para as caixas que supostamente continham armas de Lessa. Na investigação sobre a tentativa de obstrução à investigação sobre Lessa, logo depois de sua prisão, em março, policiais e promotores afirmam que a esposa do PM, Elaine Lessa, liderou um esquema para destruir provas que pudessem incriminar o marido. Contratados por ela, José Márcio Mantovano, conhecido como Márcio Gordo, e Josinaldo Freitas, o Djaca, já tinham retirado de um apartamento do PM reformado no Pechincha, na Zona Oeste, uma caixa na manhã do dia 14 de março. De acordo com as investigações, ela armazenava armas e acessórios usados no crime. Às 6h39m daquele dia, a dupla chegou no carro de Mantovano ao supermercado Freeway da Barra, onde Djaca e Mantovano, mais tarde, transferiram o conteúdo do carro do último para um táxi, que foi usado pelos dois para ir até o local de descarte dos equipamentos que teriam sido usados nos homicídios.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça entre Djaca e Márcio Gordo revelam que eles falavam em código nas conversas sobre dar sumiço às armas de Lessa. Em 14 de março de 2019, às 14h02m, quando as caixas com, pelo menos, seis fuzis já haviam sido descartadas, Márcio pergunta a Djaca se ele teria “doado os móveis”. Djaca responde que sim. Os investigadores do caso Marielle não tiveram dúvidas de que se tratavam das armas lançadas de barco , no mar da Barra da Tijuca, próximo às Ilhas Tijucas, pouco antes da ligação.