Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2019
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que pessoas flagradas fumando maconha nas praias serão levadas para a delegacia. O endurecimento do discurso também é válido para os moradores de rua com problemas psiquiátricos e usuários de drogas – segundo Witzel, eles serão internados compulsoriamente. As declarações do chefe do Executivo, porém, ecoaram negativamente entre defensores dos direitos dos moradores de rua e frequentadores da orla carioca. Em junho, lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro autorizou a internação de dependentes químicos mesmo contra a própria vontade. As informações são do jornal O Dia.
“Quem usa droga na praia comete um crime, embora a pena prevista na lei antidrogas não seja mais de privação de liberdade. Quem fuma maconha na praia e usa qualquer entorpecente tem que ser imediatamente conduzido para a delegacia. Da delegacia, para o juiz. (…) Quer fumar maconha? Vai se submeter aos rigores da lei”, avisou Witzel.
No Posto 9, na Praia de Ipanema, frequentadores criticaram as declarações de Witzel. A dentista Mariana Hart, de 26 anos, acredita que a polícia deveria estar mais preocupada em combater as cracolândias do que os usuários de maconha na praia. “Vai tirar a maconha da praia, mas a cracolândia continuará lá a céu aberto”, disse. O neuropsicólogo François Delaere, de 44, é contra a internação compulsória e a criminalização da maconha. “Não adianta você internar quem não quer se curar”, argumentou. Já a dona de casa Solange Cardoso, de 60, está de acordo com as medidas anunciadas pelo governador. “As coisas estão muito liberais. É preciso por limite. O direito de uma pessoa não pode tirar o da outra”, disse.
Em nota, a Polícia Militar esclareceu que a condução das pessoas flagradas com drogas na praia já acontece e faz parte das atribuições da PM. Ontem, porém, o uso de maconha no Posto 9 ocorria sem repressão. O governo do estado informou que a dependência química, suas consequências e tratamento estão sendo discutidos pelo grupo que reúne várias secretarias e órgãos do governo.
Witzel defendeu também a internação da população de rua com problemas psiquiátricos. “As pessoas que estão na rua e não têm sua capacidade de autodeterminação, não podem decidir se vão ficar ou não na rua, vão ser recolhidas”, disse ele, lembrando o caso do morador de rua que matou duas pessoas a facadas, domingo, na Lagoa. Witzel afirmou ainda que dependentes químicos que forem internados compulsoriamente serão levados para instalações adequadas, mas não deu detalhes de como será feito o abrigamento.