Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2019
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, criticou a comunicação do governo. Carlos é alinhado com a ala ideológica do Palácio do Planalto, a mesma de Olavo de Carvalho, que disputa poder de influência com os militares.
Conforme informou uma reportagem publicada na segunda-feira (29) pelo jornal O Globo, o grupo já pede abertamente para que Bolsonaro diminua o poder do ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Segov (Secretaria de Governo), à qual a Secom (Secretaria de Comunicação) é subordinada.
“Vejo uma comunicação falha há meses da equipe do presidente. Tenho literalmente me matado para tentar melhorar, mas como muitos, sou apenas mais um e não pleiteio e nem quero máquina na mão. É notório que perdemos oportunidades ímpares de reagir e mostrar seu bom trabalho”, escreveu o vereador no Twitter.
Para a ala ideológica do Planalto, Santos Cruz se intromete em muitas áreas do Executivo e não se alinha às pautas mais conservadoras, bandeiras de campanha de Bolsonaro.
A pressão contra o ministro aumentou após Bolsonaro ordenar que um comercial do Banco do Brasil fosse retirado do ar. A propaganda, que explora o tema da diversidade, era estrelada por atores e atrizes brancos e negros, jovens tatuados usando anéis e cabelos compridos. O presidente Bolsonaro afirmou, mesmo após Santos Cruz dizer que as intervenções eram indevidas, que não quer “dinheiro público usado dessa maneira” e argumentou que “a massa quer respeito à família”.
No fim da tarde de segunda-feira, Santos Cruz se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro. Oficialmente, o tema da audiência era a publicidade do governo e de empresas estatais, que deverão ter diretrizes estabelecidas pelo chefe do Executivo, segundo informou o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.
“Essa diretriz, vamos imaginar que seja de um plano político mais alto, que é o presidente. Essa diretriz em consórcio com a Segov/Secom é confirmada. Na ponta da linha, essas empresas e ministérios estabelecerão, em cima dessas diretrizes, os pressupostos para contratação das suas propagandas”, disse Rêgo Barros.
O porta-voz admitiu que a polêmica envolvendo as divergências sobre a intervenção do Planalto nas propagandas das estatais não está superada, mas negou que seja motivo de preocupação: “Não diria como página virada [a questão da propaganda] porque agora neste momento nós temos o general Santos Cruz a conversar com ele sobre esse tema. Agora, não é um tema que esteja a nos incomodar”.