Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de março de 2016
A internet e as redes sociais trouxeram novos elementos para a política e estão criando um caos nas velhas formas e práticas de se conduzir acordos, tratados e, principalmente, discursos políticos. Dia após dia, assistimos a retórica e o jogo de palavras oportunistas dos nossos governantes ruírem em um simples post de Facebook, um compartilhamento de um vídeo ou a exposição de uma fotografia. A ideia é defendida pelo cientista político José Henrique Westphalen. Segundo ele, os últimos acontecimentos mostram um único caminho, que é o da mudança na forma de ver e fazer política. “Cada vez mais, o político que não for congruente com a sua imagem, com a sua verdade, estará exposto e fragilizado à todo tipo de situação. Não há mais como esconder ou manipular fatos e palavras. Se uma autoridade assume um posicionamento e, ali adiante troca por mera retórica oportunista, as pessoas e o eleitor irão saber, pois alguém irá tratar de mostrar e comparar”.
Na avaliação de José Henrique Westphalen , a nova forma de ver e fazer política passa por uma construção de imagem assentada na verdade e no DNA de cada um. “Não há mais espaço para uma política de imagens construídas apenas para o período eleitoral”.
Ele vai além, e atesta que as redes sociais estão assumindo o protagonismo no campo da participação e contestação política. “Antes, apenas os partidos, sindicatos e associações detinham esse privilégio. Na atual sociedade, onde nossa democracia avança, com pessoas mais interessadas e participativas na fiscalização dos mandatos e, principalmente do comportamento dos governantes, estes precisam ser 100% do tempo congruentes e transparentes em relação às suas bandeiras e discursos, independente das adversidades”.
O cientista avalia que este não é um caminho fácil, contudo, é o único caminho possível para que haja uma real mudança na forma de conceber a política, ou seja, a formação de políticos 3.0. “Esse novo representante será transparente e congruente com sua trajetória, interessado verdadeiramente nas pessoas e nas suas causas, um político afeito a relacionamentos multiplataforma, que transitem entre a esfera digital e pessoal, em que uma retroalimenta a outra, criando redes de cooperação e compartilhamento, com livre participação e contestação. Já existem exemplos de parlamentares que estão conseguindo com sucesso crescer e se tornarem influenciadores nos meios digitais a partir de suas posições e ideias. Espero profundamente que toda essa crise institucional sirva de lição a governantes e apoiadores, que possam entender que não há mais espaço para discursos de palanque, que é preciso urgentemente uma nova forma de ver e fazer política”.