Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2018
Profissionais da área de restauração estimam que reerguer o Museu Nacional pode ultrapassar R$ 100 milhões. A empreitada envolve, além de engenharia, variáveis como aspectos históricos que interferem na escolha da técnica construtiva e até no tipo de material que será usado. A chefe da missão emergencial da Unesco, a italiana Cristina Menegazzi, diz que, com exceção de alguns armários de metal intactos, só há fragmentos carbonizados. Ela calcula que cerca de 80% do telhado e 60% dos pisos foram destruídos. E observa que, após a proteção do que sobrou do imóvel, com reforço estrutural das paredes e instalação de uma cobertura, o primeiro passo para recuperar o espaço é o início de um trabalho arqueológico. A informação é do jornal O Globo.
Na avaliação da Unesco, o tempo e os custos para recuperar o museu dependem da quantidade de material encontrado e do seu estado de conservação. A ajuda de um milhão de euros, anunciada pela Alemanha, vai permitir a instalação de laboratórios para a análise dos achados arqueológicos. Nesta segunda-feira, técnicos da Unesco viajam para Paris, onde apresentarão propostas para a segurança dos museus. A entidade vai coordenar uma campanha internacional para conseguir verbas, especialistas e acervos para o museu da Quinta da Boa Vista. Uma cruzada que só será bem-sucedida se o governo brasileiro colocar em prática planos de proteção e combate a incêndios fundamentais para outras instituições em risco.
Evento na Quinta da Boa Vista exibe acervo preservado do Museu Nacional
Um fóssil de pterossauro de aproximadamente 110 milhões de anos é um dos itens entre as duas milhões de peças que faziam parte do acervo do Museu Nacional e que não foram consumidas pelo incêndio, mas, assim como outras que escaparam da destruição, e que participaram do Festival Museu Nacional Vive, no sábado e no domingo na Quinta da Boa Vista.
O evento, que encerrou a semana da 12ª Primavera de Museus, expôs ao público parte dos itens de pesquisa que foram preservados da instituição, reunindo seres vivos empalhados, preservados ou taxidermizados como sapos, tartarugas, insetos, aves e seres aquáticos. No caso das peças pré-históricas, o Museu de Ciências da Terra ajudou na exposição ao emprestar alguns itens. Algumas cobras, como a coral verdadeira, a jararaca e a cascavel, puderam ser vistas e tocadas vivas.
Durante o dia, docentes, técnicos, estudantes e colaboradores do Museu Nacional e da UFRJ fizeram outras atividades que giraram em torno do acervo, como leitura e pintura infantil, e oficinas. Também foi apresentada uma réplica 3-D do crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo das Américas que tinha cerca de 11 mil anos e que parece ter sido destruído durante o incêndio. O objetivo é mostrar que, apesar da tragédia, os pesquisadores continuam com as atividades de ensino e pesquisa.
“O último evento que fizemos foi em junho, pelos 200 anos do Museu e que, claramente, tinha mais peças disponíveis. Hoje, queremos mostrar as coisas que sobraram e que o nosso trabalho não para por causa disso”, disse a professora de Geografia Maria Izabel Manes, que faz mestrado em Geociências na UFRJ.
Também foi exposto um varal de fotos com registros de todos os pesquisadores, estagiários e professores que passaram pelo Museu. Alguns dos visitantes da exposição estavam muito emocionados.
Outro grande destaque da mostra foi um pirarucu de 2,20 metros que foi encontrado no Amazonas há 100 anos. O item estará na nova versão do Museu a ser construído. As obras de emergência começaram no sábado e alguns funcionários do canteiro puderam ser vistos entrando e saindo da área isolada.
“Essa peça, que é o maior peixe do Brasil, tem um significado especial e fazia parte da exposição do museu desde o início do século XX. Aqui a gente mostra ele de forma bem destacada para que as pessoas saibam que ela estará lá de volta no novo acervo que virá”, disse o professor Paulo Buckup, que atua na pós de Zoologia do museu Nacional.