Quinta-feira, 10 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de outubro de 2022
A economia da China está desacelerando à medida que se adapta a uma estratégia de covid zero e enfraquece a demanda global. Os números oficiais de crescimento para o trimestre de julho a setembro são esperados para breve. Se a segunda maior economia do mundo se contrair, isso aumenta as chances de uma recessão global.
A meta de Pequim – uma taxa de crescimento anual de 5,5% – está agora fora de alcance, embora as autoridades tenham minimizado a necessidade de atingi-la.
A China evitou, por pouco, a contração no trimestre de abril a junho (teve um crescimento de 0,4%). Para este ano, alguns economistas não esperam expansão econômica.
O país pode não enfrenta alta inflação, como é o caso dos Estados Unidos e do Reino Unido, mas tem outros problemas: a “fábrica do mundo” de repente encontrou menos clientes para seus produtos, tanto no mercado interno quanto no internacional. As tensões comerciais entre a China e as principais economias, como os Estados Unidos, também estão prejudicando o crescimento.
E a moeda chinesa, o yuan, está a caminho de ter seu pior ano em décadas, uma vez que despenca em relação ao dólar americano. Uma moeda fraca assusta os investidores, alimentando a incerteza nos mercados financeiros. Também torna difícil para o Banco Central injetar dinheiro na economia.
Tudo isso acontece em um momento em que as apostas são especialmente altas para o presidente chinês, Xi Jinping – ele deve garantir um terceiro mandato, algo sem precedentes, no Congresso do Partido Comunista (PCC), que começa em 16 de outubro.
Então, o que exatamente deu errado? Confira:
1. Política de covid zero está causando estragos – Os surtos de coronavírus em várias cidades, incluindo centros de manufatura como Shenzhen e Tianjin, estão prejudicando a atividade econômica em todos os setores.
As pessoas também não estão gastando dinheiro em coisas como alimentos e bebidas, varejo ou turismo, colocando os principais serviços sob pressão.
Do lado da manufatura, a atividade fabril parece ter voltado a subir em setembro, de acordo com a Agência Nacional de Estatísticas. Essa recuperação pode ter ocorrido porque o governo está gastando mais em infraestrutura.
No entanto, isso veio depois de dois meses em que a manufatura não se expandiu. E levantou questões, especialmente desde que uma pesquisa privada mostrou que a atividade fabril realmente caiu em setembro, com a demanda atingindo a produção, novos pedidos e empregos.
2. Pequim não está fazendo o suficiente – O presidente chinês Xi Jinping acena depois de falar durante uma cerimônia para homenagear as contribuições para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022 no Grande Salão do Povo em 8 de abril de 2022 em Pequim, China.
Pequim interveio – em agosto anunciou um plano de 1 trilhão de yuans (R$ 733 bilhões) para impulsionar pequenas empresas, infraestrutura e imóveis.
Mas as autoridades podem fazer muito mais para estimular os gastos de forma a atingir as metas de crescimento e criar empregos.
Isso inclui investir mais em infraestrutura, facilitar as condições de empréstimo para compradores de imóveis, promotores imobiliários e governo local e isenções fiscais para famílias.
3. O mercado imobiliário da China está em crise – A fraca atividade imobiliária e o sentimento negativo no setor, sem dúvida, desaceleraram o crescimento.
Isso atingiu duramente a economia porque o mercado imobiliário e outras indústrias que contribuem para ela respondem por até um terço do Produto Interno Bruto (PIB) da China.
Os compradores de casas têm se recusado a fazer pagamentos de hipotecas em prédios inacabados e alguns duvidam que suas casas sejam concluídas. A demanda por novas residências diminuiu, e isso reduziu a necessidade de importação de commodities usadas na construção.
Apesar dos esforços de Pequim para sustentar o mercado imobiliário, os preços das casas em dezenas de cidades caíram mais de 20% neste ano.
4. As mudanças climáticas estão piorando as coisas – O clima extremo está começando a ter um impacto duradouro nas indústrias da China.
Uma intensa onda de calor, seguida por uma seca, atingiu a Província de Sichuan, no sudoeste do país, e a cidade de Chongqing, no cinturão central, em agosto.
A demanda por ar-condicionado pressionou a rede elétrica em uma região que depende quase inteiramente de energia hidrelétrica.
Fábricas, incluindo grandes empresas como a fabricante de iPhones Foxconn e a Tesla, foram forçadas a reduzir a produção ou fechar completamente.
5. Os gigantes da tecnologia da China estão perdendo investidores – Uma repressão regulatória aos titãs da tecnologia da China – que já dura dois anos – não está ajudando.
Tencent e Alibaba relataram sua primeira queda na receita no trimestre mais recente – os lucros da Tencent caíram 50%, enquanto o lucro líquido do Alibaba caiu pela metade.