Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2024
O 5G, lançado no Brasil em meados de 2022, ganhará uma versão turbo ao longo deste ano em todo o mundo. Chamada de “5G-Advanced” ou “5,5G”, a nova fase da quinta geração é um dos principais temas de debate e apostas entre as operadoras e empresas de infraestrutura durante o Mobile World Congress, maior evento global de telecomunicações, que ocorre esta semana em Barcelona (Espanha).
O novo 5G vai permitir uma velocidade de cinco a dez vezes maior que o 5G puro atual (chamado de standalone, SA) e é considerada peça-chave para o desenvolvimento de novos serviços e ampliação de receitas, dizem as companhias.
A versão turbo vai permitir uma arquitetura de rede mais eficiente para aplicações imersivas e interativas como realidade aumentada e virtual, que poderão ser utilizadas nas áreas de entretenimento, educação e em empresas, além de jogos na nuvem. Em janeiro deste ano, algumas cidades da China, Alemanha e Áustria já iniciaram os testes.
Para especialistas, o 5,5G é também uma espécie de caminho para a chegada do 6G, prevista para o final desta década. Empresas de infraestrutura também defendem que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aumente a quantidade de frequência para permitir que as empresas desenvolvam mais serviços nos próximos anos.
Quem aproveitou o evento em Barcelona para divulgar seus primeiros testes na nova rede 5,5G foi a TIM Brasil. A operadora realizou testes em seu laboratório no Rio de Janeiro e alcançou uma velocidade de transferência de dados de 11,6 Gbps. Segundo Marco Di Costanzo, diretor de Desenvolvimento de Rede da tele, a iniciativa reforça a importância de conduzir testes de novas tecnologias.
O executivo lembra que a nova versão vai melhorar ainda mais o desempenho da rede e aprimorar a experiência na conexão. Além disso, vai abrir novas e oportunidades de negócios.
“Estamos muito satisfeitos com os resultados alcançados. A operadora foi a primeira no Brasil a ativar o 5G Standalone (SA), a primeira a alcançar a maior velocidade com o 5G (5,4 Gbps em 2022) e agora fomos os primeiros a chegar ao 5,5G”, afirma Di Costanzo, destacando que a companhia é líder na quinta geração.
Segundo André Gildin, da RKKG Consultoria, a tecnologia precisa caminhar em diversas fases de forma a estimular a criação de novas aplicações. O 5,5G, diz ele, consiste em novos softwares que contam ainda com a capacidade de conectar quantidade muito maior de objetos em uma mesma antena.
“O 5,5G vai permitir de fato novos casos de uso e é uma evolução do 5G SA. Na prática, é como se fossem adicionadas mais funções nas redes, permitindo, por exemplo, um espaço específico na rede para determinadas operações (com o chamado fatiamento de rede), trazendo mais qualidade e confiabilidade”, diz Gildin.
Segundo Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm para América Latina, ter espectro suficiente é vital para permitir a chegada do 5,5G no Brasil. Para isso, é importante que o Brasil passe a considerar o uso da frequência de 6 gigahertz para permitir que as operadoras possam ter mais capacidade de oferecer banda e investir em novas soluções.
“Hoje, o 6 gigahertz é usado apenas para wi-fi indoor. Já o 3,5 megahertz é usado no 5G. Com mais capacidade, as empresas poderão ofertar serviços como FWA e aplicações para empresas com internet das coisas de forma massiva sem precisar se preocupar em ter banda o suficiente para os consumidores. Hoje esse tema já está em consulta pública na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)”, diz Tonisi.
No Brasil
No Mobile World Congress, a Huawei apresentou diversas soluções de 5,5G para permitir novos serviços, com foco internet de coisas. A companhia está fazendo testes em 20 cidades no mundo. Daniel Zhou, presidente da Huawei para América Latina e o Caribe da companhia, revelou que o Brasil deve receber as primeiras iniciativas já no fim deste ano.
“No Brasil, já estamos discutindo com algumas operadoras. Vamos implantar no fim de 2024. O 5,5G traz novas funções em termos de conexão e experiências tanto para usuários como para empresas. É um caminho para o 6G”, destacou Zhou.
Outra funcionalidade da versão turbo é a maior precisão de localização dos usuários e de objetos além da conexão com redes de satélite. A versão turbo também vai fazer com que drones e carros conectados se comuniquem entre si e em alta velocidade, pois um dos recursos é a comunicação massiva entre os objetos.
“O 5,5G vai começar a ganhar força no mundo em 2025 a partir da padronização das normas globais neste ano. Mas no Brasil ainda vai demorar para chegar, pois aqui ainda estamos em um momento de ampliação de cobertura”, avalia Gildin, destacando que a rede deve começa a ganhar espaço em dois ou três anos. As informações são do jornal O Globo.