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Brasil 80% dos policiais mortos no Brasil morreram armados na folga

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Até 2012, os policiais militares do Pará deixavam a arma no quartel antes de irem para casa. (Foto: Reprodução)

De acordo com o anuário do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) divulgado no ano passado, 371 policiais foram assassinados no Brasil em 2017. Desse total, 290 foram mortos de forma violenta durante a folga, apesar de terem o direito de poder portar arma, de terem a experiência de manusear o armamento e de estarem preparados fisicamente e psicologicamente para um possível confronto com criminosos.

Segundo a diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, 33, os dados apontam anualmente que policiais morrem mais em folga do que durante o trabalho. “Trata-se de uma tendência vista ao longo dos anos, não é um dado pontual.” Segundo ela, estudos científicos em todo o mundo apontam que, se um policial não consegue reagir de forma efetiva e ficar vivo após um assalto, um cidadão que não está acostumado, seja psicologicamente e fisicamente, também terá chances reduzidas de sobreviver.

Pará mandou PMs andarem armados nas folgas, e mortes dobraram

Até 2012, os policiais militares do Pará deixavam seu equipamento no quartel antes de irem para casa. A média histórica local era então de 15 PMs assassinados por ano. Avaliando o número como alto, o governo determinou que o policial deveria ter o direito de andar com a arma da corporação também durante a folga. A média de policiais mortos dobrou para 30. E se mantém assim até hoje.

Os dados foram divulgados ainda sob impacto do decreto do presidente Jair Bolsonaro, assinado na terça-feira (15), que flexibilizou as regras para o cidadão brasileiro manter uma arma em casa. O porte nas ruas ainda segue exclusivo de forças de segurança no País.

“Estamos falando de profissionais que têm treinamento e, ainda assim, são vitimados. Um cidadão comum vai acabar sendo morto. Podemos discutir liberdades individuais de ter ou não uma arma. Mas numa discussão sobre impacto em indicadores de violência, a gente tem que ter clareza que isso impacta negativamente”, diz Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP.

Rafael Alcadipani, 41, professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), segue a mesma linha de raciocínio da diretora do FBSP. “O policial mais bem treinado do mundo, se for pego de surpresa, vai ser morto. A arma é muito boa para o ataque, mas péssima para a defesa”.

André Zanetic, 43, pós-doutor pelo NEV (Núcleo de Estudos da Violência da USP) e professor na Universidade Federal de Grande Dourados, prevê que o impacto da flexibilização pode ser “desastroso, uma vez que o desarmamento foi um fator importante, entre vários fatores, para redução de índices criminais”, afirma.

Governo diz que respeitou vontade popular

O decreto presidencial sobre a posse de arma para cidadãos se baseia na taxa estadual de violência apontada no Atlas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o que, na prática, inclui todos os 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal.

Questionado desde segunda-feira (14) sobre o dado do FBSP que aponta que 80% dos policiais assassinados no Brasil são vitimados durante a folga, o Ministério da Justiça enviou um arquivo informando como funcionava e o que mudou por meio do decreto, sem responder perguntas específicas.

Em nota, a Casa Civil, sob chefia do ministro Onyx Lorenzoni, informou que “a decisão do presidente da República respeita a vontade popular (conforme votação do Estatuto do Desarmamento, em 2005, quando a população brasileira decidiu que o comércio de armas não deveria ser proibido). Vale lembrar que a taxa de homicídios tem crescido no Brasil (vide Atlas da Violência)”.

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https://www.osul.com.br/80-dos-policias-mortos-no-brasil-morreram-armados-na-folga/ 80% dos policiais mortos no Brasil morreram armados na folga 2019-01-18
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