Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2021
Tudo começou em 2019, quando o Huawei P30 Pro foi acusado de produzir imagens fake com o seu então revolucionário zoom de 50x para capturar imagens da Lua. Mesmo com a suspeita de ‘trapaça’, ter um celular capaz de fotografar o nosso satélite com um nível de detalhes semelhantes ao de lentes mirrorless virou objeto de desejo, e a Samsung resolveu, literalmente, dobrar a aposta. Nasceu assim o Space Zoom de 100x no Galaxy S20 Ultra.
Ele foi aprimorado para o Galaxy S21 Ultra, ganhando melhor estabilização e nitidez, e muitos criadores de conteúdo estrangeiros, que já estão com o top de linha da Samsung em mãos, correram para produzir imagens da Lua, e notaram uma grande melhoria quando comparada às feitas com o seu antecessor. Imagens com tantos detalhes levantaram a suspeita: será que a Samsung estaria trapaceando também?
A suspeita é de que, depois de capturar a imagem, sejam incluídas texturas e camadas extras que não estejam na foto original. Mas, antes disso, vale a explicação: a Samsung não nega que as imagens da Lua utilizem inteligência artificial no processamento, e há um modo otimizador de cena que entra em campo quando o celular é apontado na direção do corpo celeste.
E sejamos francos, todos os celulares utilizam inteligência artificial no processamento de imagem, que vão desde uma melhora no HDR ao já tão populares modo noturno ou retrato. O criador de conteúdo Joshua Topolsky levantou a suspeita sobre as fotos fake da Lua e recebeu um vídeo em resposta do também criador Alexi Bexi. No vídeo, o youtuber mostra que mesmo uma captura de foto sem total nitidez gera uma imagem final de qualidade superior.
Joshua então procurou outros criadores de conteúdo para chegar ao veredicto final sobre o Zoom Espacial de 100x, e as respostas se dividiram. Até mesmo teorias da conspiração foram criadas dizendo que a Samsung contaria com um mapa lunar que adicionaria camadas de imagem predefinidas e ‘colaria’ nas fotos tiradas da Lua.
Por outro lado, Max Weinbach, do Android Police e conhecido pelos vazamentos quase sempre precisos de celulares da Samsung, procurou nos arquivos do APK de câmera e não achou indícios de nenhuma manipulação de imagem. Procurada por Joshua, a Samsung fala sobre a Super Resolução AI, feita com zoom entre 10x e 100x.
E como funciona? Ao tocar no obturador, o celular registra até 20 quadros e os processa em velocidades instantâneas, e a inteligência artificial avançada avalia e corrige detalhes para produzir imagens detalhadas mesmo com altos níveis de zoom.
O último estágio para terminar com a suspeita de que a Samsung manipula as fotos da Lua foi o comparativo. De um lado, S21 Ultra e, do outro, uma câmera mirrorless Sony, a A7R III, que custa nada menos que US$ 4800, quatro vezes o valor do celular da Sammy e que produz imagens de 42,4 megapixels, graças a um sensor full frame significativamente maior. As imagens foram tiradas a uma distância focal de 600mm. Vantagem para a câmera da Sony, certo? Errado.
O sensor da Sony sofreu com o foco, seja no manual ou automático, mesmo com a câmera montada em um tripé de estabilização. Já com o S21 Ultra, o tripé não funcionou e a opção foi usá-lo com as mãos e no modo automático. O resultado acima é das duas imagens já editadas no Lightroom.
É possível observar a maior clareza de detalhes na foto tirada com o S21 Ultra, mas a principal coisa a se reparar é que ambas mostram uma superfície lunar bastante parecida e, se a Samsung utilizasse uma camada sobreposta de imagem, teria que encontrar um nível quase incrível de precisão para fazer essa artimanha.
