Segundo ele, porém, se a vacinação atrasar e a pandemia se agravar, e isso levar à necessidade de renovar o auxílio emergencial, os demais gastos do governo têm de ser contidos travando o orçamento.
O presidente do BC explicou que é necessário, neste momento, focar nas reformas enviadas ao Congresso Nacional para conter o endividamento público.
“O que temos de fazer é passar as reformas para sustentar a dívida, atingir um equilíbrio e conseguir credibilidade. E para conseguir credibilidade, temos de dizer às pessoas que fizemos um desvio, mas que somos sérios com relação à convergência fiscal. Ser sério com relação à convergência fiscal envolve outras reformas”, afirmou.
Na avaliação do presidente do BC, o governo está próximo de colocar uma parte da agenda econômica em votação no Congresso.
“É um grande desafio, mas acho que temos condições de, passadas as eleições no Congresso agora, de começar a combater esses problemas”, disse ele.
A agenda do governo é encabeçada pelas propostas de emenda à Constituição (PECs) da emergência fiscal e do pacto federativo, além das reformas administrativa e tributária.
Um novo programa social, para sair do papel, precisa do “espaço orçamentário” que essas medidas pretendem abrir no teto de gastos – mecanismo que limita maior parte do gastos públicos à variação da inflação do ano anterior.
Vacinação
Campos Neto também avaliou que a vacinação é a “luz no fim do túnel” da pandemia do novo coronavírus, que pode representar também melhora na atividade.
“Olhando para os mercados e como a economia reage, as pessoas estão olhando mais agora em como vai ser o processo de vacinação, do que qualquer outra coisa. Mais do que se precisamos de mais estímulos”, disse.
De acordo com ele, é preciso vacinar rapidamente a população.
“Em Israel, depois de vacinar as pessoas mais velhas, o número de pessoas indo ao hospital, e de mortes, caiu dramaticamente. A prioridade de como você vai vacinar a população é muito importante. É algo que estamos falando no Brasil. O Brasil tem uma capacidade muito, muito grande vacinação, tem muitos programas”, declarou.
Ele disse que o Brasil tem uma capacidade de vacinação grande, podendo vacinar 5 milhões de pessoas em um único dia, mas ponderou, também, que há novas variantes do vírus que geram incertezas.
“Mesmo com a vacinação, ainda temos esse elemento de incerteza que, para o BC, é muito importante entender para onde isso vai. As vacinas são eficazes contra o novo vírus e suas variantes? Pessoas estão dizendo que as variantes novas se parece mais contagiantes, mas o único caso que tivemos foi Manaus. Estudos que vemos não são muito sólidos. Então, temos de entender melhor para ter um cenário sólido de onde vamos daqui em diante”, concluiu.