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Lenio Streck Deus morreu e agora tudo pode? O caso do deputado bombadão!

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O episódio da prisão do deputado Daniel Silveira coloca uma questão central para a democracia, na sua relação com a sua antítese: a ditadura. (Foto: Câmara dos Deputados)

O episódio da prisão do deputado Daniel Silveira coloca uma questão central para a democracia, na sua relação com a sua antítese: a ditadura. Ah: antes de falarem que “matei Deus”, leiam até o final. A frase não é minha, se entendem a ironia. Nietzsche, Freud e tanta gente discutem “isso”.

Diz o deputado que estava sob o manto protetor da imunidade. Só que, em primeiro lugar, a finalidade da imunidade é proteger a democracia e não a de servir de escudo para destruí-la. Simples assim. E esse é mais um episódio, entre os tantos vários dos últimos tempos, de algo legítimo sendo usado para defender o seu contrário. Aqui, é a imunidade contrariando sua própria razão de existência.

O deputado claramente ameaça com o uso da violência contra o STF. Sistematicamente. Intermitentemente. Até mesmo na hora de sua prisão ele incita a violência. Ofende.

O deputado já estava sendo investigado no Inquérito das Fake News. Ele cometeu vários crimes contra a honra dos ministros (cada coisa que disse…), cometeu incitação ao crime, e, agora, foi preso também por ter cometido crimes contra a Lei de Segurança Nacional.

A questão da LSN me deixa sempre preocupado. Desde os anos 90 que digo que não foi recepcionada pela Constituição. Mas, é o que há.

O deputado bombadão (isso mostra porque não existe intelectual bronzeado e nem puxador de ferro que consiga juntar letrinhas) diz que agiu ao abrigo da Constituição. OK. E o que ele diz da Constituição? Que é uma porcaria. E que os ministros do STF defecam na Constituição. Hum, hum…

Bah. O deputado usa a liberdade para defender a não liberdade. É o Chester da Sadia fazendo passeata a favor da degola de aves.

O deputado não sabe o que é o AI-5. Claro. Perdeu tempo ganhando musculatura na academia. E não frequentou nada da outra academia. Se soubesse o que é o AI 5, não rugiria pedindo aquilo que faria com que ele não pudesse falar livremente. Dá zero prá ele, diria o filósofo Chavo Del Ocho!

O deputado louva ditadura. Que arque com as consequências de uma lei em vigor. Uma lei que veda que ele saia por aí conspirando contra a ordem política.

Havia flagrante? A flagrância hoje não pode ser examinada como na década de 40 ou até mesmo 80.  Alguém que comete crime e recebe views intermitentemente e insufla aliados a cometerem crimes e ele mesmo comete crimes por meio da instantaneidade das redes sociais está fora do flagrante? Eis uma boa discussão.

Vejamos, de novo, a gravidade: além de ofender, caluniar e incitar a violência, o deputado fala e incita o fechamento da Suprema Corte. E fala em espancar ministro. Se tudo pode, depois nada pode. Deus morreu e agora pode tudo? Não. Se Deus morreu, agora é que não pode, para trazer à lume a grande discussão da modernidade. É na ausência de uma instância superior transcendente que se impõem os interditos. Para segurar essa bagunça toda.

Além disso, há a quebra de decoro do parlamentar, esculpida em carrara. No mais, independentemente de a Câmara manter ou não a prisão (escrevo antes da decisão), parece claro que o Brasil, como democracia, deve dizer o que quer.

Atentar contra a ordem política era um problema na ditadura de que o deputado gosta. Atentar contra o Estado de Direito é algo que impõe que nenhum democrata reste silente. Não gosta do Supremo? Imagine como seria sem ele.

Post scriptum: ajudemos o pequeno João Emanuel

O menino João Emanuel (de Ivoti) tem a terrível doença chamada “Ame”. Precisa de um remédio urgente, que custa milhões. Eu já colaborei. Vamos ajudar? Fácil de achar no Face e no instagram. Há vários modos de doar. Eu fiz pelo Vakinha Online (acesse vaka.me 970883 – é facinho).

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