Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2021
Especialistas em medicina baseada em evidências científicas divulgaram nesta semana uma carta na revista “Nature Medicine” com 10 dicas para enfrentamento da covid-19.
O texto é da campanha “Choosing Wisely” (“Escolha com sabedoria”, em livre tradução), uma iniciativa internacional presente em 25 países, incluindo o Brasil. Cinco das 10 dicas da “Choosing Wisely” são para a população geral; as outras 5 são voltadas a profissionais de saúde – especialmente médicos.
1) Máscaras — Especialistas vêm reforçando, de forma contínua, a importância do uso da máscara para combater a covid – de preferência as PFF2, que são capazes de filtrar o vírus e se ajustar melhor ao rosto do que outros tipos de máscaras.
As N95 são o equivalente americano às PFF2 brasileiras.
3) Teste e isolamento — O teste e o isolamento em casa são recomendados se alguém apresentar sintomas de covid, como febre, dor de garganta, tosse, perda do olfato e/ou paladar, afirmam os cientistas.
“O teste permite uma estratégia de testagem-rastreamento-isolamento, que é eficaz no controle da propagação posterior”, dizem.
Mas eles pontuam que, quando não for possível fazer o teste, o diagnóstico pode ser feito pelos sintomas.
4) Procurar ajuda médica — Os especialistas recomendam que você procure ajuda médica se: ficar sem fôlego em repouso ou depois de um exercício; estiver com saturação de oxigênio abaixo de 92%; tiver uma queda de mais de 4% na saturação de oxigênio após um teste de esforço – como o de sentar e levantar por 1 minuto ou um teste de caminhada de 6 minutos.
Eles também sinalizam que deitar de bruços ajuda a melhorar a saturação de oxigênio.
5) Vacine-se — A quinta recomendação para a população em geral é: vacine-se assim que puder, mesmo se já tiver tido covid.
“A vacinação continua sendo uma estratégia extremamente eficaz em nível populacional para a prevenção e mitigação da covid-19”, reforçam os especialistas. “Esta recomendação se aplica mesmo se alguém já teve covid-19 no passado”.
Abaixo cinco recomendações exclusivas para profissionais da saúde:
6) Não prescreva tratamentos não comprovados ou ineficazes para covid-19 —
Como a campanha “Choosing Wisely” busca promover o cuidado médico com base em evidências científicas, os especialistas recomendam que profissionais de saúde não prescrevam tratamentos sem eficácia comprovada ou ineficazes para a covid.
Eles reforçam que, no momento, não há dados que apoiem o uso dos seguintes medicamentos contra a covid-19: Hidroxicloroquina, Ivermectina, Azitromicina, Favipiravir, Doxiciclina, Oseltamivir, Lopinavir/ritonavir, Itolizumabe , Bevacizumabe, Interferon alfa-2b, Fluvoxamina, Plasma convalescente e preparos à base de ervas.
7) Não use medicamentos como remdesivir e tocilizumabe, exceto em circunstâncias específicas — O remdesivir é um antiviral experimental aprovado para uso emergencial nos Estados Unidos contra a covid-19. Seu uso também foi aprovado no Brasil pela Anvisa, apesar de não ser recomendado pela OMS.
Já o tocilizumabe é um anti-inflamatório usado para tratar artrite reumatoide. Em um estudo da Universidade de Oxford, ele foi eficaz em reduzir mortes entre pacientes internados com quadros graves de covid-19, mas o medicamento não deve ser usado em casos leves da doença.
8) Use esteroides apenas em pacientes com baixa saturação e monitore os níveis de açúcar no sangue — A recomendação seguinte é usar corticoides esteroides (como a dexametasona) apenas em pacientes com baixa saturação de oxigênio (hipóxia) – além de monitorar os níveis de açúcar no sangue quando esses medicamentos forem usados.
9) Não faça exames de rotina que não orientem o tratamento, como tomografias, e de biomarcadores inflamatórios — Os pesquisadores afirmam que não há dados que “apoiem o uso rotineiro de tomografias computadorizadas de tórax, escores tomográficos ou biomarcadores inflamatórios, como ferritina, interleucina 6 (IL-6), lactato desidrogenase (LDH) e procalcitonina para classificar a gravidade do quadro da doença ou para orientar os protocolos de tratamento”.
10) Não ignore o manejo de doenças críticas que não sejam covid durante a pandemia — Por último, os especialistas chamam a atenção para o prejuízo visto no manejo de outras doenças e condições de saúde críticas durante a pandemia, como câncer, tuberculose, doenças cardíacas, renais, questões relacionadas à saúde mental e a parto, cuidado perinatal e imunização infantil.
“Por exemplo, estima-se que a suspensão dos serviços de câncer resultará em mais mortes do que as causadas pela covid durante a pandemia”, dizem. “Os serviços de saúde essenciais devem continuar a ser fornecidos durante qualquer pandemia”.