Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2022
A invasão russa da Ucrânia abalou em poucos dias o tradicional não-alinhamento de Suécia e Finlândia. Os dois países nórdicos romperam um dos principais tabus de sua política de segurança: o de não exportar armas ou equipamento militar a países em guerra.
Nunca antes os dois países estiveram tão próximos de um pedido de adesão à Otan, afirmam analistas.
“Tudo é possível no momento. Os países da Otan sinalizam que a adesão poderia ser examinada rapidamente. Portanto, penso que seria apenas uma decisão política de Estocolmo e Helsinque”, disse Zebulon Carlander, analista da organização francesa Sociedade e Defesa.
A primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, disse em uma coletiva nesta quinta-feira (10), que o país precisa aumentar o investimento em militarização, já que a situação de segurança na Europa está pior.
Andersson pede que o aumento em gastos com exército chegue a 2% do PIB da Suécia. Esse percentual é exatamente o valor de investimento militar que a Otan exige de seus membros.
Aprovação pública
Pela primeira vez, a maioria (53%) dos finlandeses apoia a adesão à Otan, segundo uma pesquisa neste mês. O número de partidários da adesão quase dobrou em poucas semanas, pois em janeiro era de apenas 28%.
O parlamento finlandês analisa um pedido de referendo para adesão à Otan. O pedido reuniu em menos de uma semana as 50 mil assinaturas necessárias para entrar na agenda de debates.
Na Suécia, o apoio para a entrada na Otan também é o maior já registrado, com 41% favoráveis, segundo pesquisa.
Os dois países são oficialmente não-alinhados, mas sócios da Otan desde meados da década de 1990, depois que viraram a página da neutralidade com o fim da Guerra Fria.
Armas letais
Além de equipamento de defesa, como capacetes e coletes à prova de bala, a Suécia anunciou o fornecimento de 5.000 lança-foguetes antitanques.
“Isto é algo sem precedentes desde a Guerra de Inverno de 1939”, destacou a primeira-ministra, citando o apoio de Estocolmo à vizinha Finlândia ao ser invadida pela União Soviética.
Em outra decisão histórica, a Finlândia concordou em enviar armas letais à Ucrânia, incluindo 2.500 fuzis, 1.500 lança-foguetes e munições, de acordo com a primeira-ministra Sanna Marin.
Advertência russa
A eventual adesão de Finlândia ou Suécia à Otan irritará Moscou, em um contexto explosivo entre o ocidente e a Rússia de Vladimir Putin, avaliam analistas.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, alertou tanto a Finlândia quanto a Suécia que enfrentarão “consequências militares e políticas prejudiciais” se tentarem ingressar na Otan.
Zakharova fez a afirmação em entrevista coletiva em Moscou no dia 25, um dia após o início dos ataques da Rússia.