Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2022
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou que a Polícia Federal investigue um filme em que um personagem semelhante a Jair Bolsonaro participa de uma motociata e sofre um atentado. Fotos e vídeos de um ator trajado como Bolsonaro, caído ensanguentado sobre uma moto, dominaram as redes bolsonaristas no final de semana, acompanhadas por protestos.
“As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, disse o ministro.
O vídeo citado por Torres circulou na internet neste final de semana, principalmente em perfis de apoiadores de Bolsonaro, que criticaram as cenas. As imagens mostram o ator simulando andar em uma moto e, logo depois, caído no chão, ensanguentado, como se tivesse sofrido um atentado. “Determinei encaminhamento do caso à PF para instauração de inquérito policial, e completa apuração dos fatos”, afirmou o ministro em suas redes sociais.
Poucas horas depois do tweet do ministro da Justiça, o Canal Brasil afirmou, em nota à imprensa, que se trata de uma produção independente do diretor Ruy Guerra. A emissora ainda afirmou que as cenas seriam referentes ao filme “A Fúria”, que encerraria a trilogia composta por “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1976). Eles ainda afirmaram que, apesar de terem 3,61% dos direitos patrimoniais, o canal não interfere nas obras e que não tinha conhecimento da cena. A produção do filme ainda disse que a divulgação de uma cena retirada do contexto foi ilegal.
Repercussão
Segundo os apoiadores de Bolsonaro, trata-se de discurso de ódio da esquerda e de incentivo à violência contra o presidente. A acusação de que a esquerda promove discurso de ódio ocorre poucos dias após o bolsonarista Jorge Guaranho assassinar o petista Marcelo de Arruda em Foz do Iguaçu, invadindo armado sua festa de aniversário temática, decorada com pôsteres de Lula.
As cenas de ficção de um suposto ataque ao presidente também foram repudiadas pelo vice-presidente Hamilton Mourão e pelo ex-juiz Sergio Moro.
“Repudio veemente qualquer ato que possa estimular a violência a quem quer que seja. Está circulando nas redes um ‘filme’ que demonstra o suposto assassinato do nosso presidente. Isso não é arte! Isso é um ato imoral à nação e ao governo federal”, publicou Mourão nas redes sociais.
“Inadmissível tratar de forma jocosa ou figurativa a morte de uma pessoa, ainda mais de um presidente da República. Esse tipo de comportamento acirra os ânimos e não contribui em nada para o debate político”, disse Moro.