Quinta-feira, 26 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2025
A ansiedade está presente no dia a dia de profissionais de todas as idades. Entretanto, o problema aparece com mais força entre os millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e a geração Z (1997-2012), ambos com 55% dos casos. São seguidos pela geração X (1965-1980), com 53% das ocorrências; baby boomers (1946-1964) e a “geração silenciosa” (nascidos até 1945), com 45% e 44%, respectivamente.
A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Telavita, empresa de soluções digitais de psicologia e psiquiatria, a partir de dados de 23.125 profissionais e dependentes de todo o Brasil, acompanhados entre maio de 2024 e abril de 2025. O levantamento teve como objetivo observar as distinções de aspectos de saúde mental entre as gerações.
A maioria (75%) dos participantes do estudo trabalha em empresas de grande porte, com mais de 500 funcionários, sendo que 95,5% ocupam postos operacionais, 4% estão em cadeiras de coordenação ou gestão e 0,5% pertencem à alta liderança.
“Além da ansiedade, quadros de agitação e alterações de humor aparecem mais entre os Z (27%) e millennials (26%)”, detalha a psicóloga Aline Silva, head de gestão clínica da Telavita. “Os números confirmam que os sintomas são mais frequentes entre os mais jovens, sugerindo uma manifestação precoce de sinais de sofrimento emocional.”
Já a culpa surge com mais frequência na geração X, com 13% dos pacientes relatando a sensação, seguidos pelos millennials, com 11%. “Esses percentuais são os mais altos entre todas as gerações da amostra, indicando que adultos e jovens adultos tendem a carregar uma carga emocional voltada à autocrítica e responsabilidade, possivelmente relacionada à pressão por desempenho e padrões elevados de exigência no trabalho”, analisa.
O que mais chama a atenção na sondagem, segundo a estudiosa, é a “combinação entre uma alta prevalência de sintomas emocionais leves com uma expressiva presença de sofrimento nas gerações mais jovens”.
“Um dado que ilustra isso é que 41% dos pacientes millennials e ‘Zs’ receberam diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), o índice mais alto entre todas as faixas etárias”, compara. O distúrbio é caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva” persistente e de difícil controle e pode perdurar por seis meses, no mínimo.
Ao mesmo tempo, os dois grupos também concentram as maiores taxas de sintomas analisados, como crises de ansiedade, agitação e alterações de humor, acrescenta. “O que revela não apenas uma maior abertura desses indivíduos para buscar cuidado psicológico (o que a presença na pesquisa comprova), mas um cenário de sobrecarga emocional que se manifesta mais cedo na vida.”
A geração que concentra mais questões emocionais, segundo a investigação, é a dos millennials – que representam quase metade da amostra analisada (12.513 pacientes), o que pode influenciar os resultados. O conjunto apresenta os maiores números absolutos nos principais indicadores de sofrimento emocional e de diagnósticos verificados, assinala o relatório.
Segundo a psicóloga, os dados mais expressivos dessa geração apontam para crises de ansiedade (55%), TAG (41%) e sintomas de agitação (26%). A ideação suicida foi relatada por 3,8% dos integrantes do grupo.
“Diante dos resultados do estudo, é fundamental que as empresas adotem estratégias mais estruturadas, de acordo com as particularidades geracionais dos colaboradores”, orienta. “A alta prevalência de sintomas ansiosos entre os millennials e ‘Zs’, que representam grande parte da força de trabalho, indica a necessidade de programas contínuos de cuidados com a saúde mental.”
A especialista também recomenda a realização de mapeamentos de riscos psicossociais, com triagens regulares que permitam identificar sinais precoces de sofrimento emocional nas equipes. “É importante garantir um acesso fácil a serviços de apoio psicológico e psiquiátrico, que cubram diferentes níveis de complexidade”, sugere. “Ações como rodas de conversa e trilhas de conhecimento sobre autocuidado podem ser valiosas para lidar com a ansiedade e a pressão por desempenho.”
Além disso, destaca Silva, é essencial capacitar as lideranças para uma gestão mais empática e atenta ao bem-estar emocional dos times. “O que inclui ambientes de trabalho que incentivem a segurança psicológica”, ressalta. “Investir em saúde mental de forma estratégica contribui não só para reduzir afastamentos e a rotatividade dos funcionários, mas para fortalecer a cultura organizacional e uma produtividade sustentável.” As informações são do jornal Valor Econômico.