Segunda-feira, 21 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2025
Depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, restringiu os comentários em suas publicações do Instagram no último dia 10, os usuários brasileiros da rede social buscaram outros perfis para expressar a revolta sobre a taxação de 50% aos produtos brasileiros. Entre eles, da primeira-dama americana Melania Trump, do vice-presidente J.D. Vance, e até mesmo o perfil da Casa Branca.
Na página de Melania, muitos brasileiros pediram que ela “controlasse” o marido. Outros fizeram piadas com a cor da pele do rosto do presidente americano. “Oi linda tudo bem?! Avisa seu marido que não pedimos a opinião dele”, escreveu um usuário. “Não somos colônia de vocês”, disse outro. “Senhora cenoura, diga ao seu cenourão que o Brasil é soberano”, comentou um terceiro.
Frases como “Brasil soberano”, “o Brasil é dos brasileiros” e “deixe o Brasil em paz” aparecem com muita frequência entre os comentários das publicações.
Outra frase muito presente é “o Brasil não é seu quintal”. Em abril, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, se referiu à América Latina como “quintal” de Washington em entrevista à Fox News.
Justiça brasileira
Em outra frente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nessa quinta-feira (17) uma carta endereçada a Jair Bolsonaro (PL) em que volta a defender o ex-presidente do Brasil e e a criticar a Justiça brasileira.
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto (…) . Este processo deve terminar imediatamente!”, afirma Trump, em carta com timbre da Casa Branca publicada em sua rede social, o Truth Social.
Bolsonaro é réu numa ação penal que apura a tentativa de ruptura institucional planejada por um núcleo próximo ao ex-presidente. Na segunda-feira (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O julgamento ainda não tem data para ocorrer.
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada voltada a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção.
Ainda na carta dessa quinta, Trump alega que o governo brasileiro realiza “ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos EUA”.
A carta é mais uma defesa de Bolsonaro feita por Trump desde que o presidente dos Estados Unidos anunciou um tarifaço de 50% ao Brasil, sob argumentos políticos – como a interferência na democracia brasileira e no Judiciário – e comerciais.
O governo brasileiro reagiu à carta de Trump: “Uma coisa é questão do Poder Judiciário –e é importante destacar que a separação dos poderes é pedra basilar do Estado Democrático de Direito– e outra coisa é a tarifa, que é comércio, e no comércio se busca solução. Nós queremos até ampliar o comércio, podemos ter meta de ampliação do comércio Brasil com os Estados Unidos. Não há nenhuma relação entre questões do poder judiciário e tarifas. São coisas que não têm nexo”, respondeu o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao ser questionado a respeito.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a carta como “chantagem” contra o Brasil.
“A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil. O estadunidense exige que o país desista da soberania nacional, de nossa Justiça e nossas leis, para desarmar as tarifas e sanções que ameaça impor ao país. Quanto mais se aproxima a hora do julgamento, mais claro fica que Bolsonaro coloca seus interesses acima de tudo, inclusive do Brasil e do povo brasileiro”, disse Hoffmann.