Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2025
A expectativa é que a CPI prossiga nesta semana com a convocação de novos depoentes ligados ao escândalo do INSS.
Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosA sessão da CPI do INSS foi marcada por troca de acusações entre parlamentares governistas e da oposição na noite dessa segunda-feira (8). O bate-boca começou após o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) apresentar reportagem sobre uma portaria assinada em 2023 pelo então ministro da Previdência, Carlos Lupi, que concentrou poderes na pasta e retirou autonomia do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Lupi, demitido do cargo após vir à tona um esquema de desvio de recursos de aposentadorias dentro do INSS, compareceu à CPI na condição de testemunha. O ex-ministro foi questionado diretamente por Van Hattem, que buscava responsabilizá-lo pela medida adotada no ano passado.
“Quem assina é responsável pelos atos, sim ou não?”, indagou o parlamentar.
O ex-ministro, no entanto, evitou responder objetivamente. Diante do silêncio, o relator da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), interveio para lembrar que, de acordo com as regras, o depoente tem o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo.
A intervenção gerou reação imediata do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que acusou o relator de cercear o direito de manifestação de Lupi. “Não pode o relator fazer uma pergunta e o depoente não ter o direito de responder. O senhor não está deixando ele responder, é diferente”, reclamou o petista, elevando o tom do debate.
O episódio acirrou ainda mais os ânimos. Deputados de diferentes partidos passaram a trocar acusações, em especial Rogério Correia (PT-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que protagonizaram um confronto mais ríspido. Ambos se levantaram, apontaram o dedo um para o outro e elevaram a voz. Em meio ao tumulto, Correia declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro “vai ser preso” e chegou a fazer, com as mãos, um gesto imitando grades de prisão.
A cena provocou nova onda de protestos da oposição, que acusou parlamentares governistas de transformar a comissão em palco político. O clima se tornou tão tenso que a mesa diretora decidiu suspender os trabalhos momentaneamente, permitindo que Carlos Lupi conversasse em reservado com seu advogado.
Pouco depois, a sessão foi retomada, mas ainda sob um ambiente de desconfiança mútua e declarações atravessadas. A expectativa é que a CPI prossiga nesta semana com a convocação de novos depoentes ligados ao escândalo do INSS, em meio a uma crescente disputa política entre governo e oposição sobre a responsabilidade pelos desvios.